Na conferência Money Summit, que decorreu esta terça-feira em Lisboa, os líderes de cinco bancos – os CEOs da CGD, do BCP, do Santander Portugal, do BPI e do Banco Montepio – foram questionados sobre a proposta de Orçamento de Estado para 2025. Como se sabe, o Orçamento do Estado para 2025 foi aprovado na generalidade com a abstenção do PS. Todos defenderam que é o possível com a margem que tem um governo minoritário e um bom sinal, mas o “mais importante é a sua execução”.
João Pedro Oliveira e Costa, CEO do BPI, disse estar “um bocadinho mais contente” com a aprovação do Orçamento do Estado, pois permitiu dar “um passo em frente”. O presidente do BPI sublinhou que “precisamos de executar com uma visão de crescimento”.
“O Orçamento de Estado é o possível com a margem que tem um governo minoritário”, disse o banqueiro, que reforçou que precisamos de estabilidade e que temos uma oportunidade única em termos de contas públicas, de crescimento económico e de emprego”, disse o CEO do BPI, que se mostra otimista.
O presidente do BPI voltou a falar da habitação. “Precisamos de cerca de 130 mil casas novas”, disse o banqueiro, que relacionou isso com o regresso dos “nossos jovens talentos a Portugal”.
João Pedro Oliveira e Costa citou o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, que referiu a libertação de terrenos e simplificação. O ministro das Infraestruturas e da Habitação afirmou que o Estado pondera disponibilizar terrenos às autarquias para fazer habitação a custos controlados e alterar as regras de utilização do solo para haver mais áreas disponíveis.
Miguel Pinto Luz, esta semana, congratulou-se pelo cumprimento do programa “Construir Portugal”, apesar do “ligeiro atraso em algumas políticas”, afirmando que “em seis meses, estamos a cumprir o Construir Portugal, que é o nosso objetivo primordial”.
O CEO do BPI falou ainda das infraestruturas, nomeadamente o novo aeroporto, a alta velocidade e o tema da água, a que chamou “projetos transformadores que vão projetar Portugal”.
João Pedro Oliveira e Costa apelou também ao fim da burocracia para sermos rápidos nas decisões.
“Antes disso, temos de criar emprego e assim gerar impostos; é preciso termos um Estado Social auto-sustentado”, defendeu.
“Somos um país pequeno numa geografia complexa”, lembrou, defendendo um “crescimento económico inclusivo”.
O Presidente do BPI diz que a “prioridade é a ação”.
O Presidente da CGD, Paulo Macedo, questionado sobre a descida de 1 ponto percentual do IRC, como prevê o Orçamento do Estado para o próximo ano, disse que “este é o Orçamento possível”.
“Para mim, é fundamental que se baixem os impostos”, quer para as empresas, quer para as famílias”, defendeu.
“Pessoalmente, acho que é importante baixar a carga fiscal; 1% [um ponto percentual de baixa do IRC] só é positivo se for interpretado como um sinal que as empresas estavam à espera”, referiu o presidente da Caixa Geral de Depósitos, que defende a redução da carga fiscal para as empresas.
“Se nós virmos que há uma redução da carga fiscal, que as taxas de juro baixam, o rendimento disponível das famílias aumenta acima da inflação, a capacidade de endividamento aumenta porque a taxa de esforço diminui, temos um conjunto de medidas e efeitos positivos na economia que podem gerar uma onda otimista e uma melhoria para o rendimento das famílias, designadamente dos jovens“, segundo o CEO da CGD.
Paulo Macedo realçou que, pela primeira vez, Portugal vai ter durante três anos consecutivos superávits gémeos, quando vinha de um histórico de déficits gémeos.
“As empresas estão à espera de estímulos. O conjunto de medidas e efeitos é positivo para a economia”, mas “há sempre riscos, nomeadamente os geopolíticos”, afirmou.
Miguel Maya, CEO do BCP, disse que “é este o Orçamento, não há outro” e que no fim de 2025 avalia-se o que foi feito.
O presidente do BCP lembrou o mandato dos portugueses ao Governo, sem querer comentar mais.
Pedro Castro e Almeida, CEO do Santander Totta, considera que há três “sinais positivos” no Orçamento do Estado: as contas públicas equilibradas (o que tem reflexos no spread da dívida pública), o sinal do IRS Jovem e o sinal da redução do IRC. O CEO do banco disse que, em termos de fiscalidade das empresas, em termos mundiais, somos o 37º e abaixo de nós só a Colômbia. O banqueiro lembrou os elevados impostos que as empresas pagam por cada trabalhador.
Sobre a parca descida de IRC, que considera “um sinal”, o CEO do Santander Totta ironizou.
Alinhando com alguns colegas de painel que consideraram a descida de 1 ponto percentual do IRC “um bom sinal”, mas a redução fiscal deve ser maior.
O banqueiro defendeu a necessidade de uma agenda de investimentos. “Falta uma agenda de crescimento” e retirar burocracia na Administração Pública, acrescentou o CEO do Santander Totta.
O Presidente do Banco Montepio, Pedro Leitão, defendeu a aprovação do Orçamento em nome da confiança que tem sido espelhada nos ratings da dívida pública.
A proposta orçamental traz “bons sinais no que diz respeito a libertar dinheiro”, seja no IRS Jovem ou na atualização dos escalões do IRS e no IRC. “O sinal é importante; temos de começar por algum lado”, sublinhou o CEO, considerando que se deve “tornar consistente” o alívio fiscal.
O presidente do Banco Montepio também defende ser preciso “mais ação” e “executar o OE”, e considera que os sinais de descida da carga fiscal “deviam ser maiores”.
Já sobre o impacto das eleições dos Estados Unidos, o destaque vai para a resposta do CEO da CGD, Paulo Macedo, que lembrou que basta olhar para o relatório Draghi para ver que a “culpa” da situação económica da Europa “não vem só do exterior”. O CEO da CGD não hesitou ao dizer que “não é só pela pessoa A ou a pessoa B ganhar nos EUA que a Europa fica mais forte ou mais fraca”.
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