Criada a partir da compra de uma antiga fábrica de produção de automóveis na Califórnia, a unidade de produção da Tesla é apelidada de “fábrica do futuro”, com os seus robots com nomes derivados dos X-Men e equipamento tecnologicamente avançado de produção. Mas os humanos que partilham o espaço com toda esta aura tecnológica têm outra opinião.
Em entrevista ao The Guardian, 15 antigos e atuais operários da fábrica da Tesla queixaram-se da esgotante pressão de que são alvo por causa dos objetivos de produção impostos e também de acidentes, por vezes graves.
“Já vi uma pessoa desmaiar e cair no chão, ferindo a cara”, disse ao The Guardian um técnico da Tesla: “Disseram-nos para trabalhar em torno dessa pessoa, que ali ficou no chão”. Outro trabalhador da fábrica, escreveu no seu blogue pessoal um relato detalhado de práticas que incluíam horas extraordinárias obrigatórias, altos níveis de acidentes e baixos salários na fábrica, revelando ainda que os trabalhadores estavam a tentar sindicalizar-se.
Por seu turno, outro operário disse ao The Guardian que se sentiu “parte do futuro” quando foi recrutado para a Tesla, há cinco anos. Agora, com duas hérnias discais no pescoço e de baixa médica, reclama não conseguir pegar num lápis sem sentir dores. Atribui as suas lesões aos anos que trabalhou na fábrica da marca, numa secção em que era obrigado a olhar para cima e a trabalhar com as mãos acima da cabeça durante muitas horas. Este e outros trabalhadores acreditam que, durante anos, a Tesla não levou a segurança a sério, relatando casos em que os gestores não tomaram em consideração as queixas dos empregados, pressionando-os a trabalhar apesar das dores.
De acordo com os dados e relatórios conseguidos pelo jornal britânico, desde 2014 já por mais de 100 vezes foram chamadas ambulâncias ao local, como resultado de desmaios, tonturas, ataques e dores peitorais. Mais algumas centenas terão sido chamadas por causas mais graves como acidentes e outras causas médicas.
O The Guardian entrevistou telefonicamente Elon Musk, CEO da Tesla, que admitiu que os seus trabalhadores “têm passado um mau bocado, com horários longos e em trabalhos difíceis”, mas disse que se preocupa muito com a sua saúde e bem-estar e que o registo de acidentes da fábrica tem melhorado muito no último ano. Apesar das declarações do seu CEO, a Tesla não quis revelar os registos de segurança da fábrica dos últimos três anos, por considerar que essa informação “não reflete a forma como a fábrica opera hoje”.
Ainda assim, a empresa cedeu ao The Guardian dados mais recentes, que indicam que o registo de segurança da Tesla passou de ligeiramente acima da média da indústria no final de 2016 para um valor 32% abaixo da média no primeiro trimestre de 2017. Para a marca, tal deveu-se à introdução de um terceiro turno de produção, à contratação de uma equipa de peritos em ergonomia e a melhoramentos feitos nas equipas de segurança da fábrica.
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