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Primeiro ‘marketplace’ 100% nacional quer ajudar PME a internacionalizarem-se

Ainda antes da Covid-19 obrigar grande parte das operações a digitalizar-se, uma empresa preparava-se para ser o primeiro ‘marketplace’ unicamente dedicado a produtos e serviços nacionais e a projetá-los para o exterior.
22 Novembro 2020, 18h00

“Em Portugal o produto tem muita qualidade, temos muito bons produtos; mas há uma barreira, que é não haver muita exportação. O produto português ‘made in Portugal’ não é tão conhecido nem valorizado como o ‘made in Spain’ ou o ‘made in Italy’.” Quem o diz é Armanda Letra, uma das fundadoras do 4arca, o primeiro marketplace única e exclusivamente dedicado à divulgação e comercialização de produtos portugueses.

Numa economia em que as exportações se revelaram chave na recuperação experienciada nos últimos anos, mas cujo tecido empresarial é composto maioritariamente de pequenas empresas com um alcance internacional muito limitado, todas as ferramentas que ajudem na projeção do produto português no resto do mundo são bem-vindas. Este desafio, o da internacionalização das empresas portuguesas, foi de resto identificado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, no último certame do Portugal Exportador, em 2019.

Foi esta a lógica por detrás da constituição desta start-up, a de colmatar esta “lacuna muito grande em relação ao produto português no estrangeiro”, como descreve Armanda Letra. O projeto, que começou a ser delineado juntamente com Carla Almeida em dezembro de 2019 – e, portanto, antes da pandemia e da aceleração do digital que esta trouxe –, tem a sua plataforma online há pouco mais de um mês e conta já com mais de 30 empresas confirmadas, sendo que a previsão para daqui a um ano é “para cima de 200”. “O nosso objetivo é ser líder de vendas de produtos nacionais para o mercado externo”, aponta.

A plataforma, que opera nas vertentes de B2B, B2C e serviços, tem encontrado da parte dos vendedores “muito entusiasmo”. “Todas as empresas com que falamos congratulam o projeto, consideram-no ótimo, dizem que deveria haver mais do género.” Ainda assim, há uma certa resistência e reticência de alguns empresários, uma questão, em parte, cultural.

“Os empresários em Portugal lidam com o que é novo preferindo primeiro ver e, depois, se correr bem, entram. Há esta cultura que impede um pouco que a indústria e o comércio se elevem ao nível europeu”, argumenta a cofundadora do projeto, cujos 28 anos fora do país deram uma perspetiva diferente da cultura organizacional nacional.

Se há aspeto positivo que poderá surgir da pandemia de Covid-19 e das restrições que esta gerou foi o salto tecnológico a que obrigou e, nesse aspeto, Portugal até recuperou algum tempo perdido para os restantes países europeus, onde o comércio digital e plataformas tipo marketplace são uma realidade há já vários anos. Para Armanda Letra, o avanço foi como “um empurrão de cinco anos” neste género de práticas e a tendência parece ser de uma afirmação definitiva dos canais eletrónicos no comércio.

Sublinhando que todo o projeto tem sido conduzido sem qualquer tipo de incentivo ou apoio financeiro, a responsável pelo 4arca mostra-se confiante na obtenção do seu objetivo. “Temos o desejo de ajudar a economia portuguesa a quebrar barreiras, a ir mais longe, ao dar a possibilidade a pequenas e médias empresas portuguesas de darem o seu produto a conhecer lá fora”, conclui.

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