O primeiro-ministro António Costa criticou nesta quarta-feira a notícia feita na véspera pela agência noticiosa Lusa acerca do seu encontro em Budapeste com o homólogo húngaro Viktor Órban, numa reunião de trabalho destinada a preparar a aprovação do Plano de Recuperação no Conselho Europeu desta sexta-feira, escrevendo na sua conta oficial de Twitter que “Costa defende na Hungria que Estado de direito não deve ser associado à recuperação” é um título que “pode ser equívoco e gerar interpretações erradas”.
A reação de António Costa, que publicou vários tweets sobre o assunto tanto em português como em inglês no início da tarde, vem na sequência de uma sucessão de críticas ao que foi apontado como uma atitude submissa perante o polémico primeiro-ministro húngaro, líder do Fidesz, cujas posições contra imigrantes e minorias e diversas medidas apontadas como pondo em causa a separação de poderes na Hungria, levaram à suspensão do Partido Popular Europeu (PPE).
Das declarações que ontem fiz à saída da reunião em Budapeste, o título da Agência Lusa “Costa defende na Hungria que Estado de direito não deve ser associado à recuperação” pode ser equívoco e gerar interpretações erradas.
— António Costa (@antoniocostapm) July 15, 2020
A newsletter da edição europeia do site Politico destacou nesta quarta-feira declarações do primeiro-ministro português à RTP, após o encontro com Órban, em que Costa disse que “os valores não podem ser comprados”, mas que as questões ligadas à liberdade e ao Estado de direito não devem misturar-se com negociações orçamentais, acrescentando o jornalista Florian Eder que “alguém parecia um pouco preocupado com um potencial veto húngaro que poderá adiar a cornucópia da abundância a ser generosamente derramada sobre Portugal”. “Não, os valores não se compram… mas até parece que estão à venda”, rematou o autor da newsletter.
Na sucessão de tweets bilingues desta quarta-feira, António Costa disse respeitar a liberdade de informação sem se rever no título escolhido pela agência noticiosa, reafirmando ter dito na véspera aquilo que sempre defendeu. Ou seja, “o Estado de Direito deve ser tratado na sede própria e os valores não se compram nem se negoceiam”, acrescentando que “quem não partilha os valores da União Europeia deve sair ou ver o seu direito de voto suspenso e não poder comprar com cortes orçamentais a violação desses valores”.
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