O Inquérito Global Investor Insights da Schroders (GIIS), que inclui 1.755 private bankers e assessores financeiros globais, representando 12,1 mil milhões de dólares em ativos, revela que o private equity (53%), as soluções multi-ativos privados (47%) e ações de infraestruturas de renováveis (46%) são as três classes de ativos dos private equity nas quais os assessores e o private banking esperam que os seus clientes aumentem as alocações nos próximos 1-2 anos. Estas preferências coincidem com as respostas dos inquiridos na Península Ibérica.
O inquérito revela uma evolução nas estratégias de investimento para 2025. Os operadores de private banking, as seguradoras e os fundos de pensões estão a reforçar alocações em mercados privados (private equity) e ações globais, com um foco crescente em temas como transição energética, tecnologias disruptivas e diversificação através de ativos alternativos.
O estudo também destaca a liderança das seguradoras na adoção de inteligência artificial e a prioridade global na transferência de património como parte de uma abordagem estratégica ao investimento.
Dois terços dos private bankings e assessores financeiros inquiridos destacam que o potencial de retornos mais elevados dos mercados privados face aos mercados de capitais (public markets) é o principal benefício de investir em mercados privados para os seus clientes (65%).
Este fator é seguido de perto pela possibilidade de alcançar diversificação, uma vez que os ativos privados proporcionam acesso a carteiras muito diversificadas do ponto de vista setorial e empresarial (62%).
Em média, a maioria das alocações dos investidores em mercados privados situa-se entre 5%-10% das alocações dos portefólios.
A principal diferença entre os mercados privados e os mercados públicos reside na forma como os participantes no mercado, tanto compradores como vendedores, acedem ao mercado para investir e mobilizar capital.
Uma vez que os mercados privados são “ilíquidos” (as ações não podem ser livremente adquiridas e vendidas num mercado aberto), os investidores em empresas nos mercados privados esperam rendimentos mais elevados em troca desta falta de liquidez.
Nas palavras de Carla Bergareche, diretora global de Clientes Wealth na Schroders, “embora muitos private bankers e assessores financeiros já invistam em mercados privados em nome dos seus clientes, o volume das alocações é atualmente muito inferior aos 20% ou mais observados nas carteiras institucionais e dos family offices”.
“Essa diferença representa uma oportunidade substancial para aumentar o envolvimento dos clientes com os mercados privados. Por isso, esperamos que estes continuem a desempenhar um papel cada vez mais importante nas carteiras patrimoniais, à medida que os investidores se tornam mais conscientes do potencial que oferecem para alcançar rentabilidades sólidas e diversificadas”, defende Carla Bergareche.
Pouco mais de metade dos private bankings e assessores inquiridos afirmou estar a aceder a oportunidades em mercados privados através de fundos cotados, seguido de perto pelos fundos semilíquidos ou evergreen (abertos) (51%).
A potencial falta de liquidez é apontada como o principal desafio quando se fala de mercados privados com os clientes.
Estudo Global da Schroders diz que 49% dos inquiridos afirmaram que uma maior educação dos clientes ajudaria a aumentar a procura. Esta percentagem aumenta para cerca de 61% no caso dos inquiridos na Península Ibérica. Outras razões que poderiam favorecer um aumento da procura em Portugal e em Espanha incluem a existência de estruturas de produtos mais adequadas (44%) e mínimos de investimento mais baixos (47%).
Adicionalmente, a transferência de património foi apontada como uma prioridade por 59% dos private bankers e assessores financeiros a nível global.
“O surgimento de novos veículos, como fundos semilíquidos ou os ELTIFs, tem ampliado os pontos de acesso disponíveis e representado um avanço significativo ao oferecer maior flexibilidade aos investidores para alcançarem os seus objetivos de investimento através de mercados privados. Por isso, não é surpreendente ver estas estruturas a serem preferidas por este segmento de clientes, tanto na Península Ibérica como a nível global”, segundo Leonardo Fernández, diretor-geral na Schroders para a Península Ibérica.
Seguradoras recorrem a ações globais e dão prioridade aos retornos sobre investimentos
As companhias de seguros estão a antecipar uma mudança significativa para alocações globais mais amplas nos seus portefólios de ações, conforme revela o GIIS da Schroders.
O estudo, que abrangeu 205 companhias de seguros em 23 localizações diferentes no mundo e representou 11,7 biliões de dólares em ativos, indica que mais de metade das seguradoras espera aumentar as suas alocações em mandatos de ações globais nos próximos dois anos.
Os participantes também preveem uma maior exposição a ações ativas e procuram nos seus portefólios de ações formas de explorar temas como a desglobalização e as tecnologias disruptivas.
O estudo revelou também que 61% das seguradoras estão a dar prioridade aos retornos sobre os investimentos em detrimento dos retornos sobre o capital regulamentar ao definirem a sua estratégia de investimento.
Além disso, 46% das seguradoras estão a recorrer a soluções personalizadas para aumentar a sua exposição a mercados privados. De facto, uma percentagem significativa de 95% das seguradoras espera ter uma alocação em mercados privados dentro de dois anos. Mais de um terço (37%) também identifica o crédito privado como a maior oportunidade de investimento em obrigações, seguido de perto pelo crédito corporativo investment grade (35%).
Além disso, no que diz respeito a tecnologias emergentes, em particular a inteligência artificial (IA), as companhias de seguros estão a liderar entre os investidores institucionais.
Charlotte Wood, diretora de Fintech, Inovação e Estratégia de IA na Schroders diz que “muitas companhias de seguros estão a adotar cada vez mais a IA para melhorar a eficiência operacional, com aplicações que vão desde a automação de tarefas rotineiras até à melhoria da precisão na subscrição”.
“O inquérito revela que um número significativo de seguradoras está também a utilizar análises impulsionadas por IA para obter uma compreensão mais profunda da avaliação de riscos, permitindo-lhes tomar decisões de investimento mais informadas”, acrescenta.
“As seguradoras estão ainda a aplicar ferramentas de IA para otimizar a alocação de ativos, identificar riscos emergentes e ajustar os portefólios de forma dinâmica em resposta às mudanças do mercado. Isto é particularmente valioso no ambiente de mercado volátil atual, no qual dados em tempo real e análises preditivas podem oferecer uma vantagem competitiva”, refere.
Fundos de pensões a nível global prontos para aumentar alocações a mercados privados e ações globais
Os fundos de pensões a nível global estão a planear aumentar as suas alocações em mercados privados e ações globais, de acordo com o GIIS da Schroders.
O estudo, que abrangeu 420 fundos de pensões em 26 localizações globais e representou 13,4 mil milhões de dólares em ativos, revela que mais de 94% dos fundos de pensões participantes já investem ou planeiam investir em mercados privados, com 27% a preverem fazê-lo nos próximos dois anos.
Os fundos de pensões estão particularmente focados em dívida privada (51%), private equity (49%), dívida de infraestruturas (41%) e infraestruturas renováveis (38%).
A transição energética e a descarbonização, bem como a revolução tecnológica, são os principais temas a impulsionar a procura dos fundos de pensões por mercados privados.
Segundo o estudo, cerca de 93% dos fundos de pensões já investem ou planeiam alocar recursos para a transição energética como foco estratégico, com mais de um terço a prever realizar novos investimentos nesta área nos próximos 1-2 anos.
A procura por ações globais também é igualmente forte, com 55% dos fundos a expandirem as suas alocações para captar mercados e setores de alto crescimento. Esta tendência destaca uma mudança estratégica em direção à gestão ativa a nível global.
Quase três quartos (70%) dos fundos de pensões globais concordam que os gestores ativos estão melhor posicionados para oferecer abordagens de investimento especializadas, ou seja, com foco específico em setores, regiões ou estilos de investimento.
“Esta opinião está alinhada com a perceção de que os gestores ativos devem ter a expertise necessária para superar os passivos no contexto atual, como afirmado por 59% dos inquiridos”, explica a Schroders.
Adicionalmente, as estratégias alternativas de rendimento fixo (Obrigações) são populares.
“Embora exista uma preferência global pela dívida privada, as preferências regionais variam. Na região Ásia-Pacífico, os títulos garantidos por ativos (Asset-Backed Securities) recebem maior atenção (36%), enquanto os fundos de pensões na EMEA, excluindo o Reino Unido, continuam a preferir as obrigações sustentáveis (27%). Já no Reino Unido e na América do Norte, os fundos de pensões identificam oportunidades em estratégias de dívida de mercados emergentes (27%)”, conclui o estudo.
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