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Procura por minerais vai disparar até 2050. Especialistas alertam para necessidade de reutilização de recursos

A produção de baterias irá acelerar a procura por minerais como o grafite, o lítio e o cobalto até 500%. Dados dos Banco Mundial salientam a necessidade destes recursos serem reutilizados para que a temperatura global abaixo dos 2 graus Celsius seja cumprida até 2050.
litio
20 Janeiro 2021, 13h44

Serão necessários cerca de três mil milhões de toneladas de metais e minerais para que, em 2050, se consiga manter a a temperatura do planeta abaixo dos 2°C, sugerido pelo Painel Intergovernamental pelas Alterações Climáticas, em comparação com a era pré-industrial. O equivalente a 300 mil Torres Eiffel.

Numa altura em que as nações embarcam na missão para uma transição energética, muitos especialistas e ambientalistas consideram que os minerais poderão acelerar esse processo, nomeadamente, John Drexhage, o keynote speaker da conferência internacional Associação Portuguesa de Economia da Energia (APEEN 2021) dedicada à transição energética e sustentabilidade, esta quarta-feira, via digital.

O consultor na área das alterações climáticas e desenvolvimento sustentável apresentou um relatório, do qual é um dos principais autores, conduzido pelo Banco Mundial e titulado de “Minerals and Metals to Meet the Needs of a Low-Carbon Economy”. No documento é analisado a importância e impactos que a procura elevada por minerais poderá ter nas próximas décadas, frisando que a reciclagem e reutilização de minerais poderão ser a solução para respeitar as metas ambientais assinadas no Acordo de Paris, em 2015.

Até 2050, a procura por minerais irá disparar, nomeadamente o interesse pelo grafite, o lítio e o cobalto. Estes três representam os principais elementos com maior procura que poderá chegar aos cerca de 500%. Este aumento deve-se ao facto de que, até 2050, a produção de baterias irá representar uma grande quota no mercado mundial.

Face a este aumento na procura, os dados do Banco Mundial sugerem que a reciclagem e a reutilização destes minerais poderão ser a solução para minorar a procura. Exemplificando com dados sobre o uso do alumínio, Drexhage explica que se este mineral fosse recuperado a 100%, as taxas de reutilização aumentariam dos atuais 35% para 61%, enquanto que a taxa de reutilização do cobre poderia subir de 29% para 59%.

Embora seja uma iniciativa mais sustentável, os resultados indicam que ainda assim não seria o suficiente para controlar a procura, uma vez que os minerais primários, aqueles extraídos diretamente do solo, continuariam a ser necessários para a produção de elementos tecnológicos.

Por isso, o estudo do Banco Mundial sugere que os principais atores do setor da mineração e os governos apostem nos minerais mais sustentáveis. Atualmente, os recursos renováveis apenas representa 6% das emissões de tecnologias e infraestruturas à base de carvão e gás natural. Juntos, estes dois últimos representam cerca de 256 gigatoneladas de dióxido de carbono equivalente uma vez que são usados para tornar estas tecnologias e infraestruturas operacionais.

Drexhage ressalvou ainda a importância dos países com menores rendimentos apostarem na mineração renovável, tendo como objetivo tornar esta atividade na “mais sustentável e verde possível” nos próximos anos.

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