[weglot_switcher]

Produção nacional: uma necessidade e uma oportunidade no pós-covid

Uma das maiores aprendizagens que acho que todos nós já tiramos desta situação de pandemia é o risco do mundo depender tanto de um só país, ou do exterior, na produção de produtos considerados estratégicos para a nossa vida colectiva.
24 Abril 2020, 07h15

Depois de qualquer situação traumática é recomendável que se faça uma introspecção sobre o que temos a aprender e o que podemos melhorar para minimizar os danos dessa situação e reduzir o risco de que algo semelhante possa acontecer no futuro ou acontecer com os mesmos impactos para a nossa vida. Todos nós somos levados, na nossa vida pessoal, a o fazer, as empresas que mais sucesso têm fazem-no sempre e os governos e as sociedades no geral deverão claramente fazer o mesmo para esta situação do covid-19. Este meu texto pretende ser um contributo para essa reflexão colectiva que devemos todos ter sobre o nosso futuro no pós-covid.

Uma das maiores aprendizagens que acho que todos nós já tiramos desta situação de pandemia é o risco do mundo depender tanto de um só país, ou do exterior, na produção de produtos considerados estratégicos para a nossa vida colectiva. Fomos vendo ao longo desta crise pandémica a inexistência ou quase inexistência de capacidade produtiva nacional deste tipo de produtos por diversos países e consequentemente a extrema dependência com que esses países ficaram e a fragilidade que isso lhes criou. Esta é portanto a primeira reflexão que acho necessária que façamos enquanto sociedade. A necessidade de garantirmos capacidade produtiva nacional desse tipo de produtos criando assim uma cadeia de produção de reserva. Assim essa capacidade pode ser mais facilmente aumentada em caso de necessidade garantindo assim a resposta necessária. Não existindo nenhuma capacidade instalada de produção a dificuldade para o país ter capacidade de resposta é muito maior.

Neste sentido, acredito que é importante repensarmos a lei da contratação pública e a necessidade de garantir quotas de produção nacional para a aquisição dos produtos considerados estratégicos por parte do Estado. Se o Estado garantir uma quota de mercado para produtores nacionais fomentará a produção nacional desse tipo de produtos e assim criará uma capacidade instalada de produção que nos permite ter melhor capacidade de resposta em situações extremas como esta. Isso poderá implicar um nível de preço de aquisição superior, visto que potencialmente essa produção nacional pode não conseguir garantir a mesma economia de escala que os competidores internacionais, mas este custo é claramente insignificante quando comparado com os riscos de incapacidade de resposta que o país pode ter fase a uma situação extrema.

Por outro lado, todos nós enquanto cidadãos também podemos e devemos contribuir para esta mesma reflexão. O nosso comportamento enquanto consumidores é também muito importante para preparar o país com esta capacidade produtiva nacional. Se todos nós dermos preferência, sempre que possível, a produtos nacionais nos sectores estratégicos estamos a contribuir não só para uma recuperação mais rápida da nossa economia nacional neste pós-covid e a contribuir para a manutenção de postos de trabalho dos nossos amigos, familiares, vizinhos e conhecidos como também para garantir que o país mantém e cria capacidade produtiva que depois nos ajudará tanto aquando de situações de menor normalidade.

*O autor do texto escreve segundo a antiga ortografia da Língua Portuguesa.

[frames-chart src=”https://s.frames.news/cards/fundos-comunitarios/?locale=pt-PT&static” width=”300px” id=”619″ slug=”fundos-comunitarios” thumbnail-url=”https://s.frames.news/cards/fundos-comunitarios/thumbnail?version=1573121956270&locale=pt-PT&publisher=www.jornaleconomico.pt” mce-placeholder=”1″]

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.