A produtividade tem de ser um desígnio nacional. Foram recentemente publicadas conclusões do FMI no âmbito da “Consulta anual ao abrigo do artigo IV”, cujos contributos alimentaram, sobretudo, a discussão interna, partidária, sobre o IRS Jovem.

Parece que ficou de fora a parte estrutural. É que a baixa produtividade, a par do envelhecimento populacional e das baixas taxas de investimento, continuam a ser apontadas como as restrições chave ao crescimento. O essencial ficou, assim, por debater. Esperemos agora que “este essencial” não fique arredado da prioridade de política pública.

Mais uma vez, o FMI aponta para a necessidade de se levarem a cabo “reformas estruturais”, para o aumento da produtividade. Um dos pontos essenciais é a regulação e regulamentação para favorecer o dinamismo empresarial e o ambiente económico. Para isso é fundamental alocar os recursos aos setores produtivos, captar investimento e baixar os custos de contexto.

‘Upskilling’ da força de trabalho, digitalização e prontidão de Inteligência Artificial, são alguns exemplos, enunciados, de áreas de foco para o objetivo da produtividade. Mas, há um termo que precisa de ser adicionado: o carácter relativo.

Não basta melhorar; vivemos (felizmente) num mundo aberto, mas o que de bom isso tem, agrava também a premência da mudança: não precisamos apenas de ser bons e rápidos – temos de ser melhores do que os competidores. E a concorrência, atualmente, não é apenas pelo capital-investimento, mas, como bem temos sentido, é, simultaneamente, por outro tipo de recursos, como o capital humano.

Já aqui foi defendida a “Produtividade já”. Esta orientação de base é fundamental para o crescimento dos salários, para o aumento da competitividade e para a coesão territorial, como caminho de sustentabilidade, por exemplo, para a Dívida Pública e da Segurança Social.

Estamos atrás nos objetivos do Acordo de Rendimentos e muito aquém do que deveríamos almejar, depois de recebermos o maior volume de sempre em fundos europeus – onde estão, afinal, a alteração do modelo de crescimento, o aumento de competitividade, a aproximação à Europa e as bases para o aumento sustentável dos salários?

Nos últimos anos, vivemos num inegável antagonismo à palavra “reforma”, mas precisamos efetivamente de políticas orientadas para a produtividade como um desígnio em si mesma. Produtividade: será que é desta?