[weglot_switcher]

Formação de Executivos: Programas abertos e costumizados estão a crescer

Responsáveis pelas principais escolas de negócios e de formação executiva nacionais explicam ao Jornal Económico como está a ser a procura dos programas e quais os temas dominantes, este ano.
18 Maio 2019, 16h00

1 Programas abertos ou customizados?

2 Qual está a crescer mais na sua instituição?

3 Quais são os temas dominantes?

Ana Côrte-Real, Associate Dean da Católica Porto Business School

Customizada a crescer

No âmbito da atividade da Católica Porto Business School verificamos desde o ano passado um crescimento significativo na formação customizada, ainda que a formação aberta continue a ser preponderante na oferta da Escola, e com crescimento significativo nos programas mais generalistas, como o MBA Executivo, Curso Geral de Gestão e Programa Intensivo de Gestão.

No âmbito da formação customizada, as empresas procuram formações com uma forte componente nas áreas comportamentais e em programas intensivos de gestão. Procuram formatos de formação que incluam expressão dramática, outdoors, expressão escrita e atividade física, a par da formação dita mais técnica nas áreas da gestão geral.

Este tipo de procura está relacionado com o facto de as empresas procurarem uma formação que ajude as suas equipas a deixarem de resistir à mudança. Uma formação que faça com que os seus colaboradores percebam que os tempos são de aceitar a diversidade, de compreensão que o estilo importa, que o coaching diferencia, que é necessário definir uma cultura de performance, o que exige clareza na definição de metas e de objetivos.

As empresas procuram uma formação que estimule nos seus colaboradores um mindset global, assente em competências de comunicação, de liderança, de organização e de uma constante motivação de “fazer coisas”.

José Fonseca Pires, Professor e diretor Executivo da AESE Business School

Crescimento contínuo

A procura de formação de executivos e de programas customizados tem estado a crescer de forma continuada nos últimos anos.

Em ambos os casos, o desenvolvimento de competências é tido como um investimento quer a nível individual, quer em contexto de equipas de trabalho numa mesma empresa, de forma a capacitar os decisores com uma maior robustez na tomada de decisões estratégicas.

Desde a sua fundação, em 1980, a AESE prepara os executivos para uma visão de alta direção, ou seja, uma visão orgânica e interdisciplinar dentro de cada instituição, que permite o alinhamento com os objetivos e a visão corporativa. O contraste e a partilha de informação com dirigentes e executivos de outras organizações e setores de atividade é uma mais valia reconhecida como particularmente enriquecedora, sobretudo na resolução de problemas de uma forma criativa e inovadora.

Nos programas customizados, as empresas apostam no aperfeiçoamento de competências diagnosticadas como necessidades específicas entre o grupo de colaboradores. Nessas situações, é uma resposta que aporta vantagens em termos de custo/benefício. Estes programas podem ser muito úteis, por exemplo, para alinhar os colaboradores com a cultura da empresa ou para ganhar coesão após um processo de fusão. Alguns dos temas na ‘formação in company’ têm sido: digital leadership, customer experience, customer strategic management in banking e gestão da eficácia pessoal e da equipa.

Cláudia Carvalho, Diretora de Marketing e Comunicação da Universidade Portucalense

Formação avançada

Os programas de formação avançada da Universidade Portucalense nas áreas da gestão, direito, informática, psicologia, turismo e hospitalidade têm elevado reconhecimento pela permanente adaptação às necessidades do mercado, em termos de conteúdos, modelos e ferramentas, para além da qualidade do currículo e do corpo docente.

Adicionalmente, estes cursos desenvolvem soft skills muito valorizadas pelos empregadores, que permitem obter uma diferenciação positiva relevante para o desenvolvimento da carreira profissional.

Pontualmente também temos programas customizados, cujo sucesso reside no seu cariz prático, baseado em casos concretos relevantes para a empresa em causa, para além de um vasto número de seminários de partilha de situações reais e de um corpo docente experiente. Os formandos têm a possibilidade de aplicar os novos conhecimentos às suas necessidades reais, desenvolvendo competências para encontrar soluções melhores e mais inovadoras, criando valor para a sua organização.

José Crespo de Carvalho. Presidente da Comissão Executiva INDEG-ISCTE Executive Education

Crescer em toda a oferta

Os dois. Uma instituição que queira ter a estratégia anterior e ouse estar no mercado nacional e internacional tem de crescer em programas abertos e customizados.

Tem de crescer em formatos.

Tem de crescer em toda a oferta. Tem de crescer em experiências proporcionadas.

Por outro lado, tem de equilibrar as várias fontes de receita. É uma arte saber fazê-lo, mas serão tão importantes programas com ECTS – European Transfer Credits from de European System – como programas sem ECTS. Programas abertos como co-desenhados e desenvolvidos. Programas com desafios e jogos e simulações e com enorme impacto como programas com componentes escolares mais tradicionais. O blend será a receita. A quantidade de cada um é o segredo. A capacidade de entregar soluções passará a ser a norma. O impacto e a alavancagem do talento a medida do sucesso.

Como temos duas escolas a confluir para a formação de executivos, a de gestão e a de engenharia, é natural que haja temas de ambas as áreas, temas de gestão e de economia, temas tecnológicos (agenda digital na ordem do dia) e temas que se intersectam.

A vantagem da confluência de duas escolas é central para o sucesso do projeto.

Filipa Cristóvão, Diretora do ISEG-Executive Education

Gestão, liderança e digital

O ISEG Executive Education apresenta na sua oferta vários tipos de programas. No âmbito dos programas de Inscrição Aberta, podemos distinguir as pós graduações, programas estruturantes que visam o reforço das competências dos participantes nas diversas áreas funcionais da gestão, e os programas de Formação de Executivos, programas mais curtos, instrumentais e focados que privilegiam metodologias ativas e a transposição imediata dos conhecimentos adquiridos para a realidade profissional e empresarial dos participantes.

As soluções customizadas visam dar resposta a necessidades específicas de empresas e outras organizações, que procuram uma solução de formação adaptada à sua realidade e ao perfil dos participantes. A atual situação económica e a consciência cada vez mais generalizada de que é necessário atualizar as competências ao longo de toda a carreira – lifelong learning – torna o contexto em que nos encontramos propício à realização de formação de executivos, quer em versão de Inscrição Aberta, quer em versão tailor-made.

Quanto aos temas mais procurados, para além da gestão geral, indispensável a quem é proveniente de outras áreas científicas, sublinho também a liderança e o desenvolvimento de competências interpessoais, porque à medida que se progride na carreira, estas valências são essenciais a um bom desempenho profissional e à criação de valor. Também a área digital, atendendo à relevância do tema, é alvo de grande procura.

Manuel José Damásio, Administrador adjunto do grupo Lusófona

Programas abertos dominam

Os programas abertos constituem a parte mais significativa da nossa oferta de formação avançada orientada a quadros executivos, mas temos em curso alguns programas de formação costumizada, nomeadamente nas áreas do design thinking e costumer experience.

Todas as áreas relacionadas com inovação e economia digital têm conhecido um crescimento exponencial. Exemplos desse crescimento são os cursos de MBA em sistemas de informação e empreendedorismo e a pós-graduação em marketing digital.

 

Mariana Coimbra, Marketing & Communications Lead @ Nova SBE Executive Education

 

Transformação digital e liderança

Cada vez mais numa lógica integrada de transformação de talento e de negócio, as nossas várias soluções têm crescido de modo forte e consistente nos últimos anos – tanto a nível de programas de formação aberta e customizada, como soluções de coaching e mentoria, consultoria e inovação.

Na verdade, alinhado com a nossa missão de consolidarmos a nossa posição como parceiros estratégicos das organizações a longo prazo, temos apostado com sucesso no desenvolvimento de soluções 360º dos desafios atuais e futuros das empresas com quem trabalhamos, que vai para além da formação e acrescenta mais valor aos nossos parceiros, de uma forma mais profunda, duradoura e impactante.

O tema da transformação digital, numa perspetiva multidisciplinar, continua muito procurado pelas empresas, mas também o tema da liderança e de desenvolvimento de soft skills continuam muito dominantes.

Céline Abecassis-Moedas, Diretora da Formação de Executivos da Católica-Lisbon

Oferta bastante diversificada

A oferta da formação de executivos é bastante diversificada: temos os Programas de Inscrição Aberta que são desenvolvidos para os profissionais que desejam aprofundar ou conhecer uma área específica; e os Programas Intraempresa, que são customizados e preparados especificamente para as necessidades concretas de qualquer empresa que nos procure e os programas internacionais. A CATÓLICA-LISBON procura estar sempre a par das necessidades do mercado, e a verdade é que todos os programas têm uma procura muito elevada. Em termos de formação para executivos, os programas voltados para a dimensão digital têm tido uma procura evidente nos últimos anos, e a CATÓLICA-LISBON tem-se posicionado pioneiramente nestas áreas, sendo um vetor estratégico determinante. Na nossa escola, temos cursos mais abrangentes, como é o caso do programa em “Digital Transformation”, que consiste no processo de evolução e transformação das organizações, tirando partido das oportunidades criadas por estas alterações tecnológicas e sociais profundas; mas temos também programas mais específicos como é o caso do marketing digital ou do Big Data, que visa proporcionar aos analistas de dados uma visão detalhada dos conceitos e metodologias de investigação científica que incidem sobre o processamento e análise de Big Data e que podem ser aplicadas e implementadas em contextos da indústria, com impacto direto no desempenho das empresas. É igualmente verdade que dependendo da área de formação dos participantes, muitos outros cursos têm visto um aumento de procura.

Temos profissionais com formação de base nas áreas da engenharia, finanças e contabilidade e, portanto, as questões de negociação e liderança são absolutamente indispensáveis; estes programas conseguem, assim, esgotar todas as edições. Por sua vez, temos programas para setores de atividades muito específicos, como é o caso da saúde, área farmacêutica, turismo ou distribuição; estes programas por serem tão específicos têm uma grande procura e são sempre muito bem-sucedidos.

Patrícia Teixeira Lopes, Associate Dean da Porto Business School

Digital e Inovação com maior procura

No caso da Porto Business School, quer a área de formação aberta, quer a área de soluções customizadas, estão em crescimento. No caso dos programas customizados, a procura é exclusiva do segmento das empresas, sobretudo grandes empresas.

Na formação aberta, o segmento é bastante maior. Existe procura, a nível individual, motivada pela cada vez maior necessidade de se manter atual e explorar novas oportunidades, e a formação aberta constitui também uma solução complementar para a necessidade de formação das empresas, nomeadamente grandes empresas. Nos últimos anos, temos notado uma procura maior por temas ligados ao Digital e à Inovação. Para dar resposta a esta procura, lançámos, em 2014, a Pós-Graduação em Business Intelligence & Analytics e a Pós-Graduação em Digital Business. Em 2016 e 2017, lançamos os primeiros programas em Estratégias de Marketing Digital e Redes Sociais, Digital Business Transformation e Ecommerce. Em 2019, reforçamos a oferta na área, com programas mais virados para o tema da Inovação, como o The Innovation Decision Bootcamp, no CERN, o The Design Thinking Experience, Data Protection by Design & Default, Hacking for Growth ou o Customer Centric Business Development. Esta é, aliás, uma área que temos vindo a reforçar também nos programas de MBA , com a introdução de uma layer de inovação e empreendedorismo, nas Pós-Graduações, com a componente de projeto final, que muitas vezes passa pelo desenvolvimento do seu próprio projeto de negócio mas também com um novo tipo de programa, as Business Innovation Master Classes. Para 2020, temos previsto o lançamento da nossa primeira pós-graduação internacional, o EMBI – Executive Master in Business Innovation, um programa internacional, que vai decorrer em quatro geografias diferentes. No entanto, apesar desta crescente (e natural) procura por estes temas, a procura por formação em gestão geral mantém-se e está até mais forte do que há alguns anos. Notamos isso em programas como o MBA ou o nosso Curso Geral de Gestão, que caminha para a 70ª edição. As soft skills – comunicação, liderança, negociação continuam a ser também bastante procuradas, com uma maior procura em programas como o Toolkit de Negociação, Comunicar com Impacto ou Maximizing your Leadership Potential.

 

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.