O dia ainda vem longe e será preciso trabalhar bem para vê-lo chegar. Um estudo realizado pela empresa de estudos de mercado Spirituc para a farmacêutica alemã Merck, divulgado em abril, no evento As One for Diversity, Equity & Inclusion, aponta 2033 como o ano em que poderemos esperar ter igual número de mulheres e homens em conselhos de administração das empresas em Portugal.
No país, a desigualdade de género é, no geral, grande, mas, segundo o índice IDG, é ainda mais elevada nas categorias profissionais mais qualificadas, em particular junto de quadros superiores, o que significa uma necessidade maior de intervenção com vista a garantir a igualdade. Com que ferramentas? A formação é uma das principais.
“Os programas de lideranças femininas foram criados a partir de uma leitura organizacional, onde a diversidade é um valor, mas as carreiras femininas precisam de ser fortalecidas dada a assimetria histórica que é preciso ajudar a ultrapassar. Apesar de haver um número muito maior de mulheres a entrarem para as empresas, os lugares de topo ainda continuam a ser ocupados maioritariamente por homens”, afirma Marta Pimentel, Executive Education Director na Nova School of Business and Economics, ao Jornal Económico.
“Esta realidade — explica — depende de múltiplos fatores, coletivos e individuais. No entanto, é necessário assegurar a igualdade de oportunidades no acesso a cargos mais séniores, que é já um movimento ambicionado e impulsionado por muitas empresas”.
No fundo, o que se procura é a paridade, pois é na diversidade, nas diferentes formas de olhar, de observar o mundo, a partir de diferentes lugares, que as organizações crescem e se desenvolvem. As empresas mais inclusivas, i.e., as que têm maior diversidade de género, são mais competitivas e apresentam também melhores desempenhos financeiros.
Programas
A Nova SBE aposta no desenvolvimento e fortalecimento das lideranças femininas com dois programas: Women’s Leadership Program e Promova. O primeiro destina-se à comunidade de língua portuguesa, envolvendo participantes de Portugal, Brasil e África, com a particularidade de ser 100% feminino – todas as alunas e todo o corpo docente é constituído por mulheres. Objetivo? “Fomentar lideranças e dar resposta aos desafios que as mulheres ainda experienciam no local de trabalho”, adianta Marta Pimentel.
O programa, desenvolvido em parceria com a StarSe, é online, conta, em média, com 150 participantes, dos mais diversos sectores e perfis de empresas e startups e tem a duração de oito semanas com uma edição a cada dois meses.
Já o Promova é anual e em formato presencial. Foi desenvolvido em parceria com a CIP – Confederação das Indústrias Portuguesas e foca-se nas lideranças femininas de alto potencial, com participantes que estão a ser preparadas para integrar quadros de gestão sénior. (ver página ao lado). “Ambas as formações têm como objetivo a progressão na carreira das participantes, numa lógica de desenvolvimento ao longo da vida”, salienta a responsável da Formação Executiva da Nova SBE.
Na AESE Business School, o azimute está orientado para mulheres com mais de cinco anos de experiência profissional que exerçam cargos de gestão intermédia e querem avançar para posições de primeira linha. O programa One Step Ahead recorre aos métodos do caso e role play, conferências e palestras para tornar o processo de aprendizagem ativo e prático.
Atualmente decorre mais uma edição. Prestes a arrancar também está o novo programa internacional de liderança da Girl MOVE Academy, MOVHERS.
A Católica Lisbon School of Business & Economics, uma outra importante escola de formação de executivos, vai fazer a certificação académica do MOVHERS. O programa, digital, destina-se a jovens changemakers de todo o mundo, entre os 20-30 anos, com licenciatura ou a frequentar a universidade, que tenham forte sentido de liderança e estejam envolvidas numa causa social. O programa junta as changemakers com líderes globais para cocriarem soluções para o mundo.
O caminho da diversidade, da equidade e da inclusão faz-se percorrendo vários trilhos. No Iscte Executive Education, por exemplo, diz José Crespo de Carvalho, presidente da Escola, todos os programas “são inclusivos, abertos ao mundo, não discriminatórios, capazes de propiciar ambientes integrativos e que permitem evolução”. Cada programa trabalha em sua área ou ao seu nível sendo que, no geral, falamos de programas que permitem evolução desde early stages até highly maturity stages. “A equidistância e a capacidade que temos de englobar todos é uma característica que assenta na pluralidade desta casa desde a sua origem”, salienta José Crespo de Carvalho.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com