O projeto para a construção de um cabo submarino entre Portugal e Marrocos voltou a emergir depois de vários anos de indefinição sobre o tema. A ideia surgiu inicialmente em 2016 durante o primeiro Governo de António Costa e foi debatida entre os dois países em vários encontros ao longo dos anos.
O tema vai voltar a estar em cima da mesa amanhã, sexta-feira, na a XIV Reunião de Alto Nível Portugal-Marrocos que vai ter lugar em Lisboa, onde vai estar presente o primeiro-ministro marroquino Aziz Akhannouch.
“Pela relevância desta interligação, os dois países irão atualizar os estudos técnicos existentes, tendo em conta os objetivos nacionais na área da energia e a alteração do contexto geopolítico resultante da invasão da Ucrânia pela Rússia”, disse ao JE fonte oficial do ministério do Ambiente e da Ação Climática.
Esta interligação tinha um custo estimado de 600 a 700 milhões de euros, a dividir por Portugal e Marrocos, com uma capacidade para 1.000 megawatts (MW).
A REN e a sua homóloga marroquina (ONEE) promoveram a realização de um estudo técnico-económico. A sua apresentação chegou a estar prevista para 2019, primeiro, e depois para 2020, mas nunca foram divulgadas as conclusões do estudo.
A autoestrada submarina de eletricidade tinha uma extensão prevista de 250 quilómetros entre o Algarve e a costa marroquina, com a criação de subestações nos dois lados do Atlântico.
Em maio de 2018, a REN anunciava que tinha 400 milhões de euros para realizar novos investimentos até 2021, com o cabo submarino com o norte de África a figurar entre os seus projetos.
Mais tarde, em maio de 2021, a REN não tinha novidades sobre o projeto, mas destacou a sua importância. “Apesar de não haver planos concretos o tema mantém-se atual e alvo de conversas na medida que esta interconexão aumentaria a redundância dos sistemas energéticos dos dois países e seria benéfico em termos económicos e financeiros para Marrocos e Portugal”, destaca a empresa liderada por Rodrigo Costa.
Em setembro de 2019, o então secretário de Estado da Energia, João Galamba, dizia que o cabo submarino não iria avançar se a questã da eletricidade poluente produzida em Marrocos não fosse resolvida.
Questionada pelo JE sobre o reaparecimento deste projeto, a REN não quis fazer comentários.
O projeto volta a emergir depois de em 2022 ter sido noticiada a construção de um cabo submarino entre o Reino Unido e Marrocos com 3.800 kms com o objetivo de fornecer eletricidade a sete milhões de famílias britânicas em 2030, 7,5% da eletricidade total consumida no país.
A britânica Xlinks pretende construir o cabo, assim com 10,5 gigawatts de energias renováveis e 20GWh de armazenamento em bateria, a partir de 12 milhões de painéis solares e 530 centrais eólicas numa área de 960 kms2 de deserto. O projeto tem um custo estimado de 18 mil milhões de libras e fica localizado na região de Guelmim-Oued Noun, cuja capital é Guelmim.
O cabo submarino vai subir a costa marroquina para depois passar ao largo de Portugal, norte de Espanha, França e depois entra no Reino Unido na costa sudoeste.
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