“Para comprar ou vender um imóvel é preciso existir um match entre um consultor imobiliário e os seus clientes. Este processo foi dificultado pela falta de mobilidade da sociedade”. Quem o diz é Mário Duarte Gamas, cofundador da startup Alfredo AI. De base tecnológica, a empresa pouco precisa de contacto físico, o que fez com que fosse uma alternativa viável para os profissionais deste setor durante o confinamento, com um pacote composto por sistemas de angariação de novos clientes, estudos de mercado potenciados por Inteligência Artificial (IA) e prospeção da oferta imobiliária disponível online. As últimas semanas foram particularmente especiais porque coincidiram com o lançamento de um projeto desenvolvido com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior para auxiliar os estudantes a procurar casa/quarto enquanto estão na universidade. Esta é uma das empresas que viu os negócios em stand-by devido à quebra na procura de casas, mas beneficiou por ter tecnologia incorporada e trabalhar com algoritmos de avaliação de imóveis, habituados ao distanciamento social.
“O setor imobiliário profissional nunca teve tanta necessidade e tanta procura por dados em tempo real completos e limpos. Nesse sentido, a pandemia ajudou-nos a aumentar a consciencialização e a conquistar novas parcerias”, afirma Nils Henning, cofundador da Casafari. É por isso que a proptech adquiriu, em plena pandemia, uma posição maioritária na tecnológica portuguesa Proppy CRM, especializada em software e gestão de relação com o cliente para imobiliárias. O investimento tanto visa alargar a oferta de automação como ser uma rampa de lançamento da empresa para os PALOP e América Latina.
A Blaua também tem procurado automatizar esta indústria, através de chatbots para agências imobiliárias. Para o CEO, áreas como IA, Big Data e realidade aumentada evidenciam-se como exemplos de “enorme potencial” atualmente. “O imobiliário é uma indústria massiva e ainda com muito a ganhar com o uso das novas tecnologias. Por outro lado, com níveis de adoção a crescer cada vez mais, o investimento em proptech é ele próprio cada vez mais apetecível também aos olhos dos investidores”, garante João Moreira.
Já a Heptasense cria soluções de reconhecimento do comportamento humano – ou seja, software que monitoriza os movimentos das pessoas – e assim que as pessoas foram impedidas de ir aos centros comerciais ou retalhistas a sua solução tornou-se obsoleta. No entanto, o CEO considera que as mudanças repentinas a que as empresas foram sujeitas tornaram a análise de dados ainda mais relevante. “Por exemplo, num shopping onde as pessoas iam aos domingos com a família passear, hoje têm de ficar em filas, com máscara, para poderem entrar nas lojas devido ao limite de ocupação. Os shoppings têm de criar outro tipo de experiências para este novo paradigma, de forma a continuarem atrativos”, refere Ricardo Santos.
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