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Prozis: das lesões desportivas até à economia global

Vender suplementos desportivos foi uma espécie de ‘desculpa’ para a criação de um grupo 4.0, que tem nas exportações um dos seus veículos mais dinâmicos. No final de 2018, deverá ter atingido os 120 milhões de euros de volume de negócios.
6 Janeiro 2019, 17h00

Quando em 2006 o empresário Miguel Milhão fundou a Prozis, o mercado pensou que estava perante uma empresa que vendia produtos de nutrição desportiva. Mas não era nada disso – e o segredo do sucesso futuro iria colocar em evidência que a Prozis é uma empresa de tecnologia, logística e serviços.

Com sede em Esposende, a Prozis – que pertence ao universo do grupo OSIT para a área do retalho da nutrição desportiva com base online – acabou por transformar-se numa das maiores lojas de nutrição desportiva da Europa, contando com mais de um milhão de clientes, registados e ativos, distribuídos por mais de cem mercados. Além da venda online de suplementos desportivos, também se dedica à produção em larga escala, nomeadamente através da sua unidade fabril situada em Póvoa de Lanhoso, onde foram recentemente investidos cinco milhões de euros.

Numa postura de ‘low profile’ em termos de comunicação – solicitada, a empresa não quis fazer qualquer declaração ao Jornal Económico – a Prozis tornou-se parceira da ATRP (Associação de Trail Running de Portugal), e é fornecedora oficial, na área da nutrição, de vários clubes de futebol europeus. O Valência CF, AS Mónaco, Benfica, Sporting e Futebol Clube do Porto, entre muitos outros, fazem parte da lista – o que atesta o caráter transversal que a administração quis impor à empresa.

Do seu ADN faz também parte a investigação e desenvolvimento – parte integrante de uma aposta na inovação, entendida como uma forma de suplantar a concorrência e de fornecer aos mercados em que atua produtos cada vez mais distintivos. Nesse quadro, um dos projetos mais recentes da Prozis foi o lançamento de um novo centro tecnológico de I&D, denominado Prozis Tech, apresentado em setembro passado e construído junto ao Parque de Ciência e Tecnologia da Maia (Tecmaia).

De empresa de venda de produtos de nutrição, a Prozis é neste momento reconhecida globalmente como uma das poucas empresas 4.0, de estrutura vertical, com forte componente tecnológica. Para conseguir entregar vitaminas, substitutos de refeições, pós proteicos ou outros suplementos alimentares em 24 horas e ao menor preço, a Prozis teve de se tornar numa empresa tecnológica e logística, onde a qualidade é o foco mais precioso.

As exportações já valem cerca de 80% do total do volume de negócios – que não para de se expandir vertiginosamente: faturou 60 milhões em 2016, 84 milhões no ano seguinte e deve atingir a barreira dos 120 milhões quando as contas do exercício de 2018 estiverem fechadas. É uma fatia não despicienda de um mercado que globalmente está avaliado entre os 55 e os 60 mil milhões de euros.

Diz a ‘lenda’ – e os relatos nos jornais – que a ideia da criação da Prozis surgiu quando, aos 23 anos, Miguel Milhão, na sequência de lesões frequentes no tempo em que foi atleta federado de natação, se deparou com uma evidência: a nutrição desportiva era cara e difícil de conseguir no mercado nacional.

Para financiar o projeto de negócio, Miguel Milhão recorreu à venda do carro que o pai lhe dera tendo conseguido um capital inicial de 25 mil euros. Não era a primeira vez que o jovem desportista se dedicava a projetos empresariais – até aí de reduzido sucesso: até fundar a Prozis, criou várias empresas e fracassou mais que uma vez.

Mas tudo mudou quando conheceu Jorge Silva, que é atualmente o CEO da Prozis e que na altura era proprietário de uma empresa de software, a McWin. Foi a quadratura do círculo e o início de um projeto que desde sempre esteve destinado (ou pensado) para ser vertical.

A expansão internacional com o recurso ao franchising afigurou-se como a medida certa: por um lado, era uma forma de diluir os riscos dos investimentos e, por outro, de conseguir o contributo de parceiros que conheciam os mercados autóctones sem que a Prozis tivesse que despender tempo e recursos em análises de mercado que diversas não resistem ao embate com a realidade.

Mas a importância da empresa no âmbito da economia caseira também não para de se expandir. No último trimestre do ano, o grupo informou que prevê a contratação de 1.200 trabalhadores no centro de investigação e desenvolvimento da Maia, e a criação de mais 400 empregos com a construção de uma nova fábrica na Póvoa do Lanhoso. O investimento cruzado é da ordem dos 35 milhões de euros.

O projeto inicial e a sua expansão não podiam passar despercebidos em termos públicos. A empresa tem sido repetidamente visitada por membros de sucessivos governos – o antigo ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, e a sua secretária de Estado da Indústria, Teresa Lehmann, foram os mais recentes.

Ao mesmo tempo, tem sido distinguida com uma série de prémios, sendo os mais recente deles o selo Escolha do Consumidor 2016, na área de Saúde e Bem-estar, na categoria de Suplementos para Desportistas, e Prémio Exportadora Revelação, destinado a identificar e promover o sucesso de empresas que apostam na exportação e internacionalização da sua atividade.

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