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“Prudência orçamental vai ter de ser mantida”. Álvaro Santos Pereira deixa recado a António Costa

O ex-ministro da Economia no Governo de Pedro Passos Coelho deixou um aviso a António Costa e também a Fernando Medina a poucos dias de ser apresentado o OE2024.
4 Outubro 2023, 12h19

Álvaro Santos Pereira alertou esta quarta-feira que os governos, incluindo Portugal, vão ter de manter a prudência nos gastos, e controlar o défice, numa altura em que a atividade económica está a desacelerar devido às subidas das taxas de juros impostas pelos bancos centrais para combater a inflação.

Foi um recado do ex-ministro da Economia de Pedro Passos Coelho para o primeiro-ministro António Costa e o ministro das Finanças Fernando Medina.

“Vejo muitos poucos países com margem” orçamental, apontando até o caso do Peru que, com 34% de dívida sobre o PIB, não tem margem.

“Este ano e no próximo vai haver muita pressão para a inflação ficar persistente. A prudência fiscal vai ter de ser mantida, não só neste país [Portugal], mas em todos os países”, afirmou o diretor no Departamento de Economia da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

“Não vejo governos a gastarem imenso. Na Europa há fundos estruturais, que tentam apostar no investimento… se houver implementação desses fundos”, destacou, referindo-se a necessidade de aplicar os fundos do PRR.

As declarações tiveram lugar no painel “O mundo em 2024” na conferência Outlook 2024, que marca o 7º aniversário do Jornal Económico, que decorre esta quarta-feira em Cascais.

Fazendo uma comparação entre o impacto da inflação e o do crise das dívidas soberanas há uma década nos salários, Álvaro Santos Pereira foi perentório. “Não tivemos, com a exceção da Grécia, uma descida tão acentuada dos salários reais, como tivemos com a inflação. Não quer dizer que nos próximos anos não haja uma recuperação dos salários”.

Para controlar a inflação, o economista deixou o seu diagnóstico: “A única maneira mais eficiente que temos para controlar a inflação passa primeiro pela ação dos bancos centrais”.

Sobre a atuação do BCE, Fed e outras instituições monetárias, considera que os “bancos centrais vão continuar a ser conservadores, a politica orçamental depende do pais, se há ou não margem” para atuar.

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