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PS já está a acautelar situação de autarcas “em fim de prazo”

Dos 30 presidentes de câmara socialistas eleitos em 2017 para o terceiro mandato consecutivo, oito já deram lugar aos próximos candidatos.
17 Fevereiro 2020, 09h30

Deter 30 dos 50 municípios em que o presidente está impedido de voltar a candidatar-se em 2021, devido à limitação legal de três mandatos consecutivos implementada para terminar com os “dinossauros” do poder local, poderia ser muito mais preocupante para o PS se o partido com maior número de câmaras não se tivesse antecipado: oito dessas autarquias já estão a ser geridas por antigos vereadores, enquanto os anteriores titulares transitaram, na maior dos casos, para outras esferas do poder.

Assim aconteceu a dois elementos do XXII Governo Constitucional. Maria do Céu Albuquerque trocou a Câmara de Abrantes pelo Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, enquanto Berta Nunes passou da Câmara de Alfândega da Fé para a Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas.

Mas também o grupo parlamentar socialista foi enriquecido com ex-autarcas que não poderiam voltar a ser eleitos em 2021. Nomeadamente outro dos históricos “dinossauros” do poder local português: Raul Castro deixou a Câmara de Leiria na sequência das últimos legislativas, interrompendo décadas de vida autárquica que o levaram a conquistar a Câmara da Batalha nas listas do CDS-PP.

Outros autarcas do PS que cederam a presidência a outros elementos do executivo para se tornarem deputados foram João Ataíde das Neves (Figueira da Foz), Jorge Botelho (Tavira) e João Azevedo (Mangualde).

Mesmo assim, o PS mantém alguns presidentes “em fim de prazo” em autarquias importantes, incluindo uma capital de distrito, Viana do Castelo, onde José Maria da Cunha Costa não se poderá recandidatar, e cidades como Barcelos e Seia.

Também com 16 casos de autarcas inelegíveis nas próximas autárquicas, o PSD ainda só alterou dois, incluindo a nova vice-presidente do partido,Isaura Morais, que já tinha deixado a presidência da Câmara de Rio Maior e deverá agora coordenar a estratégia social-democrata para contrariar a tendência descendente nos dois últimos atos eleitorais. Espinho e Póvoa de Varzim são dois casos de municípios ainda liderados por autarcas que não poderão apresentar-se a votos.

Para os outros dois partidos que mantêm (maior ou menor) peso no poder local também há notícias desagradáveis decorrentes da limitação de mandatos. Entre as 24 autarquias que restaram à CDU após a catastrófica noite eleitoral de 2017, com a perda de Almada, Barreiro e Beja, três terão de mudar de candidato: Alpiarça, Mora e Setúbal, capital de distrito onde a mediática Maria das Dores Meira chega ao final do terceiro mandato consecutivo e aguça o apetite socialista numa autarquia que geriu até 2001.

Também impossível será a recandidatura de Vítor Mendes, o presidente da Câmara de Ponte de Lima, que é um dos seis municípios atualmente geridos exclusivamente pelo CDS-PP – igualmente parceiro minoritário do PSD em 19 executivos camarários. A vila do Alto Minho chegou a ser o únião bastião autárquico dos centristas, tendo sido presidida por Daniel Campelo, que mais tarde foi eleito para a Assembleia da República e ficou conhecido por “deputado limiano” ao permitir a aprovação de um Orçamento do Estado do Executivo de António Guterres.

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