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PSD: Pedro Nuno Santos “brincou aos aviões e quis brincar aos correios”

O deputado do PSD garante que toda a decisão está “envolta em grande nublosa e grande obscuridão”, pedindo rápidas explicações e a publicação do despacho assinado por João Leão. Oposição reagiu esta tarde à notícia exclusiva do JE sobre o facto de a compra de ações dos CTT pela Parpública não ter tido parecer obrigatório da UTAM.
Cristina Bernardo
3 Janeiro 2024, 12h38

O PSD pede explicações sobre a compra de ações dos CTT por parte da Parpública a mando do Governo, dando a conhecer o despacho do Ministério das Finanças e Infraestruturas e respetivos critérios que levaram à compra dos títulos dos correios. Em conferência de imprensa, o deputado Hugo Soares pede ainda que Pedro Nuno Santos, atual secretário-geral do PS e candidato à liderança do Governo, venha a público explicar as razões que levaram à decisão.

“Pedro Nuno Santos brincou aos aviões e quis brincar aos correios”, atirou Hugo Soares, referindo-se a toda a situação que envolveu o ex-ministro das Infraestruturas, bem como o resgate milionário de Bruxelas.

O deputado do PSD garante que toda a decisão está “envolta em grande nublosa e grande obscuridão”, pedindo rápidas explicações. “O PSD exige saber a razão da Parpública não ter dado nota destas participações e aquisições nos relatórios anuais como faz relativamente a outras aquisições”.

“Mais importante de saber porque escondeu, é perceber a razão do Governo ter ordenado a Parpública a adquirir estas participações. O que diz o despacho das Finanças? É importante saber se o ministro que tutelava o sector deu instruções às Finanças, como a lei prevê [despacho conjunto], pudesse ser feita”, adiantou.

Hugo Soares lembra que na aquisição dos títulos foi utilizado dinheiro dos portugueses. “Foi usado dinheiro dos contribuintes para um eventual acordo com o Bloco de Esquerda, com vista à aprovação do OE2021”, relembrando a notícia do Jornal Económico.

Assumindo a troca de favores entre BE e Governo, Hugo Soares disse que, caso se confirme o acordo, “o Governo está a usar a Parpública para servir interesses partidários do PS e, mais que isso, para usar a Parpública e dinheiro dos contribuintes para capricho do agora secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos”.

“Não é a primeira vez que se vem a descobrir que Pedro Nuno Santos toma decisões, não dá a cara por elas, se esquece e depois tem de vir dar explicações”, relembrando o caso da TAP e troca de mensagens por WhatsApp com aprovações governamentais. Por isso mesmo, o principal partido da oposição pede ao Governo para tornar público o despacho e explicar os “critérios que esteve subjacentes para a compra da participação da empresa CTT”.

Estado já perde dinheiro com correios

Tudo indica que a participação da Parpública nos correios seja inferior a 2%, dado o facto de nunca ter sido comunicada ao mercado (após este limite tem de ser revelada a compra). O objetivo é que a Parpública adquirisse uma participação significa, mas o chumbo do OE2021 e queda do Governo não o permitiu.

“O que está em causa neste negócio? Foi capricho de Pedro Nuno Santos?”, questionou Hugo Soares na conferência de imprensa.

“O Estado já está a perder dinheiro. O preço a que foram compradas as ações, vale hoje muito menos do que aquilo que o Estado investiu. Já brincaram com o nosso dinheiro, portugueses já perderam dinheiro, mas é preciso saber a razão da ordem de compra”.

Importa relembrar que a Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Sector Empresarial do Estado (UTAM), que tem de dar parecer obrigatório para a compra das ações dos correios, não foi informada.

Costa e PS “agarrados ao poder como lapas”

O deputado social democrata fez ainda o reparo de que o primeiro-ministro demissionário, António Costa, e o PS “parecem agarrados ao poder como uma lapa”. “Não se consegue perceber a explicação e razoabilidade disto”.

Hugo Soares acusou ainda António Costa de estar a usar o poder para “fazer campanha eleitoral”. “O primeiro-ministro que se demitiu, sabe que vai haver eleições, mas anda em campanha eleitoral e usa o Governo de Portugal a favor do PS”, atirou.

Por isso mesmo, o deputado da bancada da oposição fez um pedido a António Costa: “que tivesse decoro, que percebesse que o partido e o país estão em pré-campanha eleitoral, e não usasse o Governo para fazer campanha pelo PS”.

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