O PSOE e o Sumar, os dois parceiros da coligação que, com o apoio de vários partidos independentistas, asseguram o governo de Espanha, reúnem esta quarta-feira para discutir a crise interna do governo, desencadeada pela prisão de Santos Cerdán, ex-número três do PSOE, por corrupção. A reunião da comissão de acompanhamento do pacto de coligação ocorrerá no Congresso e visa abordar a agenda social exigida pelo Sumar.
A prisão de Cerdán, que ocorreu na última segunda-feira, gerou tensões entre os aliados. O presidente do governo, Pedro Sánchez, deve pronunciar-se sobre o caso no Congresso a 9 de julho, mas a líder do Sumar, Yolanda Díaz, considera, segundo a imprensa espanhola, que a crise está a asfixiar a capacidade do executivo de manter posições.
Além da prisão de um dos dirigentes mais importantes dos socialistas, há também uma “sub-crise” resultante da decisão do Tribunal Constitucional que manteve todos os aspetos essenciais da Lei da Amnistia. O tribunal considerou que a lei, contestada pela oposição, atende ao interesse público ao facilitar a normalização política da Catalunha, sem violar os princípios e direitos estabelecidos pela Constituição. Votaram a favor do projeto de decisão a relatora e vice-presidente do tribunal, Inmaculada Montalbán, o presidente, Cándido Conde-Pumpido, e os juízes Ramón Sáez, María Luisa Balaguer, Laura Díez e María Luisa Segoviano, todos da facção progressista. Os votos dissidentes vieram de membros do bloco conservador.
O ex-primeiro-ministro e líder socialista Felipe González declarou em entrevista que não votará no PSOE nas próximas eleições gerais para não participar “no absurdo” da Lei da Amnistia. González chamou a lei “um ato de corrupção política no pior sentido da palavra” e afirmou que se trata de “uma autoamnistia de um grupo que não está disposto a aceitar as regras do jogo”.
A Lei da Amnistia impede a perseguição penal de envolvidos em ações relacionadas com o processo independentista catalão. Embora González tenha declarado que não votará no PSOE ou em qualquer partido que tenha apoiado a amnistia, acrescentou que isso não significa que votará no PP.
Em resposta, o porta-voz da ERC no Congresso, Gabriel Rufián, criticou González, afirmando que é escandaloso ouvir críticas sobre “amnistias vergonhosas” quando ele próprio perdoou golpistas e sequestradores. A porta-voz do governo, Pilar Alegría, considerou a aprovação da lei como uma vitória, destacando a normalização da situação na Catalunha.
A líder do PP, Cayetana Álvarez de Toledo, criticou a aprovação da lei pelo Tribunal Constitucional, descrevendo-a como uma “compra grosseira de poder em troca de impunidade”.
O clima político em Espanha é tenso e a reunião entre os dois partidos da coligação poderá trazer mais perturbações ao executivo. Espera-se que o ministro da Cultura, Ernest Urtasun, represente o Sumar, enquanto a primeira vice-presidente, María Jesús Montero, e o ministro da Presidência, Félix Bolaños, representem o PSOE.
Pedro Sánchez recusa sair, mas as críticas internas no seu partido aumentam. Embora tenha insistido que mantém as condições para governar, se as pressões crescerem, poderá haver a possibilidade de um congresso, o que poderá encurtar a sua permanência no cargo e aumentar a probabilidade de eleições antecipadas em Espanha.
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