PT/Altice sobre o SIRESP: “Apesar deste cenário trágico nunca este grupo vacilou”

A Portugal Telecom (PT) está a fazer o balanço sobre a reposição dos serviços de comunicações e refere que todas as operações que organizou foram em defesa do interesse público. “Apesar deste cenário trágico nunca este grupo vacilou, titubeou”, disse o porta-voz da Altice, acrescentando que a empresa nunca admitiu outra opção senão combater os problemas encontrados no local.

Durante o discurso sobre as alegadas responsabilidades nas falhas de comunicação do SIRESP, a administração da PT disse que os cerca de 12 mil postos queimados e mil quilómetros de cabos queimados levaram à mobilização de aproximadamente 1500 pessoas da operadora, desde o passado mês de junho.

Aos jornalistas, Alexandre Fonseca, chefe da Gabinete Tecnológico da empresa de telecomunicações, adiantou esta tarde, em conferência de imprensa que o grupo detetou e “diagnosticou a gravidade da situação e ativou os seus planos de ação mais eficazes para fazer face ao clima instalado”. “Como todos sabem, o Grupo PT já foi de domínio público e tentam alguns passar a ideia de que, por agora assim não ser, tenha passado a existir um sentimento diferente em relação ao país e ao povo português. Nada mais errado”, declarou, a propósito do braço de ferro com o Governo, que tentou mudar de operador de telecomunicações.

Ainda este mês, numa entrevista dada ao semanário Expresso, António Costa revela que o Governo responsabiliza a PT “pelas falhas de comunicação na tragédia de Pedrógão Grande e quer forçar a empresa a melhorar a sua rede em áreas potenciais de incêndio, substituindo cabos aéreos (como os que arderam em Pedrógão) por cabos subterrâneos nas estradas que já disponham de calhas técnicas para o efeito — mas que estão vazias”.

Alexandre Fonseca falou quase dois meses depois dos incêndios que deflagraram em Pedrógão Grande. Questionado sobre a demora no comentário da empresa, o administrador frisou que não se trata de uma “resposta” mas de um “balanço”. “Não tivemos hesitação em mobilizar mais de duas centenas de pessoas” para as ações de recuperações na zona centro, sublinhou.

“Temos a consciência de que somos o operador de comunicações mais visado porque, essencialmente, somos o único operador com capilaridade nacional”, afirmou o responsável da PT/Altice, acrescentando que o grupo de telecomunicações está presente em todo o país e que operou em mais de dez distritos nacionais na sequência dos fogos florestais.

Alexandre Fonseca realçou que o Grupo PT/Altice integra dois grupos de trabalho no âmbito do aumento da resiliência e da redundância da rede SIRESP. “Fazemo-lo porque acreditamos na eficiência desta rede, se utilizada de forma correta, mas também porque acreditamos que somos parte da solução no que toca à melhoria e eficácia desta rede em Portugal”, sublinhou.

Tivemos inclusive a oportunidade de alertar para a necessidade disso mesmo, tendo a PT/Altice entregue uma proposta técnica de criação de redundância de rede”, acrescentou.

O responsável confirmou ainda que a PT/Altice está a trabalhar com o Governo para “a instalação da rede em infraestrutura subterrânea”, sendo que ” o primeiro obstáculo é a falta de infraestrutura física na esmagadora maioria de espaço rural no nosso país”.

O administrador da PT assinalou que o traçado aéreo da PT tem 70 mil quilómetros espalhados pelo país, mas o canal técnico rodoviário só tem capacidade para 300 quilómetros. “A infraestrutura existente não está ainda preparada para a capilaridade da nossa rede e também tem algumas vulnerabilidades de integridade, detetadas perante cenários de fogo e de altas temperaturas”.

No incêndio de Pedrógão Grande, que abarcou seis concelhos, a área ardida foi de 53 mil hectares, sendo que a PT tem nesta região cerca de 1350 km de cabos em traçado aéreo, tendo ardido mais de 500 km de cabo, de cobre ou fibra ótica.