[weglot_switcher]

Qantas testa voo de 20 horas sem escalas entre Nova Iorque-Sydney

Estes são os primeiros testes deste tipo de voos muito longos, com o objetivo de começar a realizar voos comerciais a partir de 2022. O voo descola de Nova Iorque na sexta-feira e aterra na Austrália no domingo.
15 Outubro 2019, 13h20

Com uma ou mais escalas pelo meio, viajar entre a Austrália e os Estados Unidos ou a Europa podia superar as 24 horas de viagem. Isto significava um jet lag indeterminável que muitas vezes influenciava de forma negativa a viagem.

Atualmente, as companhias aéreas estão a estudar empreender esforços para realizar viagens à volta do mundo sem escalas, num esforço para facilitar as viagens intercontinentais e que promete transformar um setor que vale mil milhões de dólares.

A Qantas Airways é a companhia que já está em fase avançada para começar a realizar voos diretos de 20 horas, que vai dar uma vantagem competitiva à companhia australiana em relação às companhias baseadas no Golfo Pérsico, como a Emirates, a Etihad ou a Qatar.

O primeiro voo de teste vai ter lugar esta semana, com o voo a descolar de Nova Iorque na sexta-feira e a aterrar na Austrália no domingo de manhã.

Mais que um voo de longa duração, este será um exercício de teste à resistência humana. Uma equipa de cientistas e médicos vai transformar o novo Boeing 787-9 Dreamliner da Qantas num laboratório de alta altitude. Esta equipa vai analisar o cérebro dos pilotos à procura do seu nível de alerta, ao mesmo tempo que monitorizam a alimentação, sono e atividade de alguns passageiros, incluindo o seu. Neste teste-piloto o objetivo é verificar como é que os seres humanos aguentam um voo de 20 horas seguidas.

A adoção de longos voos está a ser impulsionada pelo desenvolvimento de aeronaves mais leves e aerodinâmicas, que aguentam estar mais tempo no ar, como é o exemplo do Boeing Dreamliner. Este desenvolvimento dos aviões vai permitir um aumento de potenciais clientes, sendo que a Associação Internacional de Transporte Aéreo espera que 4,6 mil milhões de pessoas andem de avião este ano, sendo que para 2037 esperam que o número aumente para 8,2 mil milhões de passageiros.

Carrie Partch, professora da Universidade da California, afirmou que “o jet lag é mais do que um inconveniente”, chegando a ser “psicologicamente devastador”.

O primeiro voo Reino Unido-Austrália sem paragens aconteceu em março deste ano e este voo da Qantas pretende ser o primeiro teste a ligar os EUA à Austrália por ligação direta. Estes são os primeiros testes deste tipo de voos, que pretendem dar o mote para iniciar serviços comerciais diretos para as cidades australianas até 2022. Desta forma, a Qantas apelidou o teste de Projeto ‘Sunrise’.

Se a ligação for bem sucedida, a Qantas já anunciou que vai testar outras rotas igualmente longas e sem escalas a partir da costa leste da Austrália para a América do Sul e África. A Airbus e a Boeing estão a tentar fornecer às companhias aéreas novas aeronaves de longo alcance que possam chegar ao destino ainda com combustível a sobrar. A Qantas já revelou que vai tomar a decisão de avançar ou abandonar a ideia até ao fim deste ano.

Com as emissões de dióxido de carbono a aumentar até aos 32% nos últimos cinco anos, a Austrália está em décimo lugar nos países que mais emitem carbono, afirma o Conselho Internacional de Transportes Limpos. A aposta no Boeing 787-9 Dreamliner para os testes significa uma mudança de paradigma, uma vez que a empresa garante que utiliza menos 20% de combustível que as aeronaves do mesmo tamanho.

Desde que este voo foi anunciado, a Qantas tem aumentado o valor das suas ações. Só esta terça-feira, as ações aumentaram positivamente 2,92% para 6,69 dólares australiano.

Com possíveis complicações de saúde, a companhia aérea tem de pedir permissão ao regulador da aviação civil da Austrália para que a tripulação permaneça em serviço por um período superior a 20 horas. A Qantas também precisa de fazer um novo acordo com os pilotos que voarão nestas rotas com as novas aeronaves. Rico Merkert, docente da Universidade de Sydney, sublinhou que “se acertarem, podem mudar o futuro”.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.