Neste enquadramento, continuam a existir oportunidades para os investidores que mantêm uma perspetiva de valor e estão atentos aos ativos que se encontram baratos. As oportunidades existem nas ações europeias, mas também nas da Ásia e em setores como a banca, assim como em áreas específicas das obrigações empresariais.
A Europa continua a ser uma região que tem parte das suas ações baratas e em que os riscos políticos parecem ter sido já substancialmente descontados, existindo, por isso, áreas de valor que continuam pouco exploradas e sobre as quais não existe consenso. É nestas áreas que se encontram melhores perspetivas e o risco é procurá-las onde já se esgotaram ou não saber no que se está a investir, como pode acontecer com grandes fundos que tiveram desempenhos espetaculares na última década mas que se encontram carregados de bond proxies.
A banca é um dos setores onde identificamos valor e valorizações atrativas. O setor mudou ao longo dos últimos dez anos, reduzindo os respetivos riscos como nenhum outro terá feito, mas esta mudança é ainda pouco reconhecida pelos investidores. Muitos outros setores fizeram este ajustamento nos três anos que se seguiram ao pico da crise, mas começaram rapidamente a emitir nova dívida e a aumentar a sua alavancagem financeira, voltando ao nível em que se encontravam anteriormente. Pelo contrário, a contínua vigilância sobre a banca fez com que parte deste setor se tornasse saudável e com mais capital acumulado. É certo que este é um setor cíclico, sensível aos altos e baixos do ciclo económico, mas é certamente um dos que parece melhor preparado para defender os investidores daquilo que possa vir a afetar os mercados.
Em paralelo, depois do Brexit e das preocupações que lhe estão associadas terem afastado muitos investidores internacionais da Europa, investindo noutras partes do mundo e nomeadamente nas ações norte-americanas, o facto de estas ações estarem muito valorizadas, deverá apoiar também o redirecionamento do investimento para fora dos EUA, beneficiando a Europa e outras regiões, nomeadamente os mercados emergentes.
Em algumas delas importa olhar para as oportunidades que surgem das disrupções que estão a acontecer na forma como se fazem negócios. A Ásia é um terreno fértil para encontrá-las porque tem várias boas empresas, com equipas de gestão competentes e consumidores mais jovens e permeáveis à inovação e à mudança. Por exemplo, inquéritos feitos em países desenvolvidos mostram uma grande ambivalência sobre a chegada dos veículos autoguiados, enquanto na China os resultados indicam que os consumidores estão ávidos por usá-los.
Muitas das oportunidades na Ásia devem, pois, ser consideradas à luz destas alterações, da tecnologia, da investigação e desenvolvimento, assim como da indústria que traz um valor acrescido aos consumidores.
Relativamente às obrigações, no atual contexto de aumento gradual de taxas de juro, e considerando ativos sensíveis à duração, é natural que a grande maioria da classe se encontre sob pressão. A exceção vai para o crédito empresarial, um dos últimos redutos de valor, com particular atenção para as obrigações de alto rendimento e para as mais arriscadas, como as classificadas na categoria de subinvestimento (sub-investment grade).