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Qual o risco político em Portugal? Do interesse de investidores internacionais às imprevisibilidades eleitorais

Risco político de Portugal mantém-se estável, segundo análise da Marsh. Ao Jornal Económico, o diretor de riscos financeiros e especialidades da Marsh Portugal, Carlos Figueiredo, explica que a avaliação tem impacto para a atração de investimentos para Portugal.
5 Março 2019, 15h30

Numa altura em que no cenário global se agudizam os riscos políticos, Portugal mantém-se estável. A avaliação é da Marsh, no “Mapa de Risco Político de 2019”, que no índice de risco – que se baseia em dados da Fitch Solutions – coloca Portugal registou 70.9 pontos, colocando o país na segunda categoria mais positiva de avaliação.

Esta avaliação terá impacto para a atração de investimentos para Portugal, segundo o diretor de riscos financeiros e especialidades da Marsh Portugal, Carlos Figueiredo.

Em declarações ao Jornal Económico, diz que “a estabilidade, seja a nível social, político ou económico, é um dos fatores fundamentais para que as empresas possam avaliar os riscos e delinear os seus planos de investimento”.

“Enquanto, consultores de risco, nomeadamente em operações de fusões e aquisições, temos assistido nos últimos anos a um grande interesse de investidores internacionais, por Portugal, com alguns investimentos de médio e longo prazo, em sectores como imobiliário, turismo e energia, mas também na indústria e na agropecuária”, explica.

Questionado sobre o impacto das eleições legislativas de outubro em Portugal na avaliação do risco político, Carlos Figueiredo considera difícil antecipar cenários.

“Depois de um período dominado por graves problemas económicos e da intervenção externa, estamos num contexto em que os indicadores económico-sociais apontam para uma redução do risco político no país”, sublinha.

“Se levarmos em conta que em alguns dos últimos atos eleitorais em Portugal, mas também em outros países que nos estão próximos, as soluções de governo saídas dos atos eleitorais foram pouco tradicionais, que as correlações de forças políticas deixaram de ter o grau de previsibilidade a que estávamos habituados, que forças políticas emergentes ou partidos que eram considerados “marginais”, passam a ter um peso relevante nas políticas fundamentais dos países, então as próximas eleições legislativas podem ser um desafio para quem procura antecipar riscos”, acrescenta.

Para Carlos Figueiredo, este ano o risco de Portugal e de Europa “será também influenciado por diversos outros atos eleitorais, nomeações e eventos políticos”, tais como as eleições em Espanha e as eleições europeias, assim como as nomeações para os dirigentes da Comissão Europeia, Conselho Europeu e Banco Central Europeu.

“Por outro lado, face à indefinição quanto ao Brexit, há já quem defenda mais um referendo e começa a ser encarada a possibilidade de termos um quadro em que o Reino Unido, estando num processo de saída da União Europeia, terá que estar envolvido na eleição e nomeações para as instituições europeias, das quais quer sair”, conclui.

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