Em 2020, a economia mundial sofreu um impacto sem precedentes causado pelo surto de Covid-19, e Portugal não foi exceção. No entanto, foi um ano histórico em termos de atração de investimento.

No estudo EY Attractiveness Survey Portugal, lançado a 18 de junho, Portugal conseguiu, em ano de pandemia, registar 154 projetos de investimento, entrando assim no top 10 dos destinos de investimento na Europa. Mesmo com um decréscimo de 3% do total do investimento estrangeiro, comparando com os 158 projetos contabilizados em 2019, Portugal posiciona-se como um dos principais destinos de IDE, comprovando a sua resiliência quando comparado com outros países europeus, que registaram no seu global uma queda de 13% nos projetos de investimento atraídos.

Olhando para o futuro aos olhos da perceção dos investidores inquiridos no estudo, a atratividade do país é apoiada pelo seu crescente otimismo, uma vez que 90% deles estão confiantes de que o impacto pandémico na atratividade portuguesa não irá durar mais de três anos, 50% consideram que a atratividade de Portugal irá melhorar nos próximos três anos e 37% estão a planear estabelecer ou expandir operações em Portugal durante o próximo ano.

Este ano, 37% dos 154 projetos atraídos provêm do setor de Software & IT Services, com uma forte componente em atividades de Investigação & Desenvolvimento, contando também com 37% dos projetos captados.

Para os investidores, digital e tecnologia não são só apenas o presente, mas também o futuro de Portugal. De facto, 45% dos investidores consideram a Economia Digital o principal setor a impulsionar o crescimento de Portugal nos próximos anos.

Olhando para os seus principais fatores de atratividade, Portugal tem uma perceção positiva sólida relativamente à qualidade de vida e estabilidade social, seguida da fiabilidade e cobertura de infraestruturas (transportes, telecomunicações e energia) e às competências e disponibilidade de talento no mercado de trabalho.

No entanto, Portugal não se pode dar ao luxo de depender apenas destes fatores de atratividade tradicionais. Inovação, transparência do sistema legal, político e regulatório e o garante da continuidade de disponibilidade talento devem ser motores para uma estratégia a longo prazo, e os investidores começam a mostrar algumas preocupações sobre se Portugal está a desenvolver consistentemente estas áreas.

Tendo todos estes tópicos em consideração, exploramos cinco linhas de ação fundamentais para a estratégia portuguesa de retenção do IDE: aumentar a liderança tecnológica e desenvolver o talento, reforçar a estratégia de promoção de cleantech para potenciar uma liderança de mercado em sustentabilidade, concentrar-se na recuperação social e económica para fomentar crescimento futuro, simplificar o sistema fiscal português para que se torne uma vantagem competitiva em vez de um obstáculo, e continuar a melhorar a comunicação de Portugal como destino de IDE.