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Quando o Outro…somos nós! O poder da autocrítica

Se queremos avançar no caminho do Ser Criativo (ou em qualquer caminho da nossa vida!) é necessário que nos equipemos de “armaduras fortificadas” não só para encarar a crítica do Outro, mas também a nossa própria crítica.
30 Outubro 2019, 07h15

No artigo do mês anterior optei por falar sobre o desafio de qualquer criativo (e por acréscimo de qualquer pessoa) ser criticado pelo Outro e pelas suas opiniões. Hoje, gostaria de continuar a falar da crítica porque não só é fundamental estarmos atentos e reconhecermos que ela existe e está “cá para ficar”, mas porque é importante que reconheçamos outra “crítica” que também pode ser mordaz. Esta crítica cresce e engrandece-se, na maioria das vezes, partindo da “voz ruidosa” do outro. Ela vai assim, ganhando poder e mais poder se ninguém a enfrentar.

Mas de quem é esta crítica? “Quem”, para além do Outro, é capaz de “destruir” as ideias e os ideais de cada um de nós? Por mais estranho que possa parecer, este alguém somos nós próprios! Falo, por isso, da autocrítica, falo de quando o Outro…somos nós!

Sabem, aquela crítica que fazemos a nós próprios!

Aquela “voz ruidosa” da nossa mente que nos diz que não somos capazes; que nos diz que não merecemos o sucesso; que nos “grita” que os outros são melhores do que nós e que as suas ideias têm mais e melhor valor do que as nossas!

Se a crítica corrosiva do outro pode ser mordaz, a autocrítica pode ser ainda mais destrutiva. Porquê? Porque é uma crítica que vem de nós. Se não acreditarmos, primeiramente, em nós próprios, muito provavelmente, ninguém o fará. É por isso que devemos enfrentar os nossos críticos com uma armadura que não só defenda a nossa criatividade e a nossa liberdade para a utilizar, mas também que ajude a enfrentar o nosso crítico interior. Combate-se assim a irracionalidade de que o outro é melhor do que nós, de que as suas ideias são vencedoras e as nossas perdedoras.

Se queremos avançar no caminho do Ser Criativo (ou em qualquer caminho da nossa vida!) é necessário que nos equipemos de “armaduras fortificadas” não só para encarar a crítica do Outro, mas também a nossa própria crítica.

É necessário encontrar formas de nos tornarmos mais resilientes, de olhar os insucessos como oportunidades e de olhar a crítica e a autocrítica, criticamente!

A autocrítica é também necessária, não nos enganemos a pensar que não! É até fundamental. Tal como a crítica do Outro, devemos ouvi-la, analisá-la com cuidado e reconhecer quando a mesma pretende destruir “corrosivamente” ou quando a mesma é potenciadora de promover o desenvolvimento das nossas ideias de forma positiva.

Mas, mais do que tudo, sejamos criticamos pelo Outro ou por nós mesmos, o fundamental e necessário é acreditar em si próprio em primeiro lugar! E isto não é fácil!

Porém, se não o fizermos, de que importa ter uma ideia com o potencial de revolucionar o mundo e a sociedade, se não acreditamos que ela é merecedora de ser pensada, desenvolvida (até criticada) e implementada?

Se não formos os primeiros a acreditar no nosso trabalho como conseguiremos “convencer” o mundo de que as nossas ideias têm valor?

Se não formos os primeiros a acreditar que temos competências, como podemos “lutar” por uma ideia em que “supostamente” acreditamos?

Por isso, ao invés de desistir e dar razão aos críticos “corrosivos” e à autocrítica, utilize as críticas para “brilhar”! Utilize as críticas para melhorar, deixe de lado aquelas que ambicionam o seu insucesso e agarre-se com “unhas e dentes” a todas aquelas que têm o potencial para o ajudar a crescer.

Acredite em si próprio, não ao ponto de ultrapassar o limite da necessária humildade para reconhecer que não podemos ser “bons” em tudo, mas acredite ao ponto de reconhecer que todos temos aptidões distintas em diferentes áreas. Se seguirmos os nossos talentos e aquilo em que somos verdadeiramente excecionais, teremos a possibilidade de “ser grandes”, pois o valor de uma ideia, seja social, pessoal ou até económica, não está em apenas tê-la. Está em perseverar e não desistir, até mesmo quando o Outro….somos nós!

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