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Que futuro para a Região Autónoma da Madeira no pós COVID-19?

É inegável que o futuro próximo da Região Autónoma da Madeira será um dos tempos mais exigentes da nossa história, e nesta encruzilhada seremos forçados a ultrapassar desafios estruturais, nomeadamente os decorrentes de nos encontrarmos inevitavelmente dependente de companhias aéreas para garantir o acesso às ilhas, o facto do Governo da República claramente se ter demitido da sua responsabilidade constitucional para com o princípio da continuidade territorial, e acima de tudo, resultar claro que hoje em dia somos uma região fortissimamente dependente do Turismo e que o turismo mundial, e toda a sua indústria vai passar provavelmente pela maior crise da sua história e que levará anos a recuperar.
7 Julho 2020, 07h15

Escrevo-vos este artigo no dia 1 de julho, feriado regional no Arquipélago da Madeira, o dia da Região Autónoma da Madeira e das Comunidades Madeirenses.

Sendo este um dia festivo, de descanso e comemoração, é também inevitável que seja um dia de reflexão (e planeamento), nomeadamente sobre a Madeira, sobre o que é que o futuro reserva para este arquipélago (especialmente agora neste enquadramento pandémico decorrente do COVID-19) e qual é o papel de cada um de nós neste futuro.

Em primeiro lugar e antes de tudo, é importante preservar e passar às gerações dos nossos filhos e dos nossos netos o enorme orgulho que é ser madeirense! Somos um povo fantástico, lutador, trabalhador, gente de “fibra” e de “raça”, que honra os seus compromissos, que ultrapassa adversidades e que acima de tudo faz as coisas acontecerem. Por outro lado, juntos já fizemos de tudo, desde ultrapassar as maiores adversidades (naturais e outras), a sermos capazes de produzir campeões à escala planetária no desporto, criar empresas de absoluta excelência à escala mundial e gerar líderes empresariais, políticos e sociais, que através do seu exemplo ajudaram a tornar a Madeira e Portugal naquilo que são hoje. Nunca ninguém nos poderá tirar o nosso passado, o nosso percurso e o orgulho em sermos madeirenses.

Por outro lado, para além do povo que somos, é importante não perdermos a noção do arquipélago em que vivemos. Hoje em dia o arquipélago da Madeira é uma região dotada de infraestruturas de excelência, com uma rede viária que liga toda a ilha de forma rápida e confortável, com um aeroporto internacional que hoje tem ligações diretas com as principais capitais europeias, para além de ter no Porto Santo a melhor praia da Europa e uma das melhores do mundo, de termos sido abençoados com um clima solarengo e com uma temperatura amena, podemos nos orgulhar de ser um povo hospitaleiro e uma ilha segura com uma criminalidade baixíssima, onde quem escolhe nos visitar sabe que o poderá fazer com tranquilidade e segurança.

Não obstante todos os elementos positivos que referi, é inegável que o futuro próximo da Região Autónoma da Madeira será um dos tempos mais exigentes da nossa história, e nesta encruzilhada seremos forçados a ultrapassar desafios estruturais, nomeadamente os decorrentes de nos encontrarmos inevitavelmente dependente de companhias aéreas para garantir o acesso às ilhas, o facto do Governo da República claramente se ter demitido da sua responsabilidade constitucional para com o princípio da continuidade territorial (no dia em que vos escrevo existem madeirenses que estão a pagar entre 700 euros e 900 euros por uma viagem entre o Funchal e Lisboa ou vice-versa) e acima de tudo, resultar claro que hoje em dia somos uma região fortissimamente dependente do Turismo e que o turismo mundial, e toda a sua indústria vai passar provavelmente pela maior crise da sua história e que levará anos a recuperar.

Com a pandemia veio também o advento do teletrabalho, e este vieram também a massificação de ferramentas que nos permitem dizer que nunca na história da Humanidade foi tão irrelevante a localização geográfica dos profissionais. Por outro lado, o arquipélago da Madeira é um dos melhores e mais seguros sítios do mundo para se poder viver e trabalhar, sendo que a geração regional de mecanismos, nomeadamente fiscais, que permitam atrair profissionais e indivíduos ou empresas de alto valor acrescentado se revela absolutamente determinante para o nosso futuro.

Cabe à Madeira criar a sua própria centralidade, algo que só será possível com um sistema fiscal próprio e um reforço decisivo na autonomia regional. Não basta fazermos bem um pouco de tudo. O que fizermos tem de ser o melhor que se faz no mundo inteiro. Precisamos de um Centro Internacional de Negócios com poderes e autonomia reforçada, de modo a poder criar um centro financeiro competitivo e de excelência, porque não basta fazermos o que outras praças já fazem, é necessário ter a ambição de fazermos melhor do que todos os nossos concorrentes.

E entretanto, o Sol vai continuar a brilhar, os dias vão passar, a vacina vai surgir (ou simplesmente vamos todos nos habituar a viver com o vírus), o Turismo vai, mais cedo ou mais tarde, voltar a ser o que era e no final, com a argúcia e determinação que é a nossa imagem de marca, também aqui vamos prevalecer!

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