Por causa dos prejuízos de 80,7 milhões de euros em 2020 reportados pelo Banco Montepio, os capitais próprios do banco diminuíram 125 milhões de euros para 1.327 milhões (em 2019 eram de 1.452 milhões de euros), ou seja caíram 8,6%. Ora, esta queda pode impactar nas contas individuais da Associação Mutualista Montepio Geral de 2020, que ainda não estão fechadas.
O valor do banco nas contas individuais da Associação Mutualista era de 1,500 mil milhões de euros no fecho de contas de 2019 (nessa altura os capitais próprios do banco eram de 1,452 mil milhões de euros). Com a queda dos capitais próprios para 1,327 mil milhões de euros, o banco, principal ativo da Mutualista liderada por Virgílio Lima, vai desvalorizar-se nas contas, na mesma proporção. O que poderá levar a novas imparidades nas contas da Mutualista.
Recorde-se que nas contas individuais de 2019, a Associação Mutualista Montepio Geral apresentou prejuízos de 408,8 milhões de euros devido a uma imparidade (377,5 milhões de euros) que os auditores PwC obrigaram a constituir para reajustar o valor do Banco Montepio no balanço da associação, reavaliando em baixa, em 20,1%, o valor do banco face aos 1.877,6 milhões que tinha em 2018.
O Banco Montepio está assim avaliado no balanço da sua acionista a 1.500,1 milhões de euros, menos 36% do que o capital social de 2.420 milhões.
A Associação Mutualista Montepio Geral discordou do valor de avaliação do banco, que foi determinado pela PwC. O Conselho Fiscal do banco e a auditora também divergiram no valor justo do Banco Montepio no balanço da Mutualista.
No relatório e contas de 2019 da Mutualista, é referido que “o valor da participação do MGAM no capital social do Banco Montepio, em 2019, totalizou 1.500 milhões de euros, correspondente a um valor bruto de investimento de 2.375 milhões de euros, ao qual está associada imparidade no montante total de 875 milhões de euros”. Sendo que valor líquido da participação no banco incorpora a venda, em 2019, de 3 mil ações a entidades do sector social.
No mesmo documento de 2019 da Associação Mutualista é explicado, nas notas em anexo às contas, que “de acordo com a política contabilística definida é efetuado, anualmente, o estudo da recuperabilidade do investimento realizado na CEMG [Banco Montepio]. Para efeitos do teste de imparidade o valor recuperável é determinado tendo por base o maior entre o valor de mercado líquido dos custos de venda e o valor em uso/value in use (valor presente dos cash flows que se estima venham a ser gerados no decurso da sua atividade futura)”.
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