Diz o provérbio popular que quem quer, faz… É essa capacidade de execução, acção mobilizadora em torno de um “propósito” comum, que distingue frequentemente quer as empresas quer mesmo os seus CEO.
Porque essa capacidade se associa ao poder e influência. Porque permite responder, a tempo, a novos desafios. Porque gera resultados indiscutíveis como aqueles que, na última semana, colocaram algumas das empresas portuguesas como notícia no mundo inteiro.
Não seríamos justos se citássemos apenas algumas. Mas também não seríamos justos se não citássemos só algumas. Aquelas que nos fazem acreditar que o futuro será melhor, que nos ajudam a pensar num país mais desenvolvido, que nos animam a descolar, mesmo que por escassos minutos, dos factos recentes que abalam a confiança nas instituições e nas estruturas de poder, desde o caso Tancos ao caso INEM. Casos que mostram a importância de reforçar e alargar a inovação no sector público, área em que, na semana que passou, também Portugal recebeu uma distinção internacional, desta vez no que se refere ao Orçamento Participativo.
Casos que nos mostram a necessidade de colocar ainda mais ao serviço da Administração do Estado, tecnologias e soluções inovadoras baseadas em conhecimento científico, em tecnologias avançadas e competências que existem, mas nem sempre são aproveitadas, em Portugal.
As nossas Universidades, Instituições de I&D, Centros Tecnológicos e de Interface, se convocados, e justamente compensados, têm tantas ou mais respostas do que as nossas perguntas. Aliás, num dos inquéritos recentes dirigido a CEO de empresas em Portugal, conclui-se que estas devem ser mais proactivas nessa ligação ao sistema educativo e científico.
Permito-me por isso destacar algumas empresas que continuam a fazer o seu caminho, com uma estratégia clara, mantendo a inovação no centro da sua agenda do presente e do futuro.
# Hovione
A Hovione inaugurou as novas instalações do centro de I&D nos Estados Unidos, num esforço de investimento de cerca de 30 milhões de euros, meses depois do anúncio da sua estratégia de crescimento e de expansão das instalações em vários países.
Sendo uma das empresas portuguesas que mais investe em I&D, ocupando o 6º lugar na lista resultante do último Inquérito ao Potencial Científico e Tecnológico Nacional, assume um papel importante no emprego qualificado e científico, contando já com um número significativo de doutorados, cientistas, investigadores, técnicos laboratoriais… Detém mais de 400 patentes registadas no mundo, apoia a formação avançada, como programas de doutoramento, e desenvolve actividades de colaboração com as Universidades sobretudo na área da química-farmacêutica.
# WeDo
Num dos eventos mais importantes e exclusivos na indústria das Telecomunicações, o Fraud and Security Group (FASG), que trouxe ao Porto mais de 150 especialistas, a WeDo Technologies, líder global em software de garantia de receita e gestão de fraude, fechou uma parceria com a Amazon Web Services e, desse modo, chega aos principais operadores de telecomunicações nos EUA. Para além do negócio, as empresas anunciaram a criação de um laboratório conjunto para o desenvolvimento de soluções de protecção para a Internet das Coisas.
Se já conhecíamos a WeDo por ser uma empresa de vocação global, com clientes em mais de 100 países, esta parceria é mais uma peça da sua estratégia de internacionalização baseada no compromisso com a evolução e desenvolvimento das suas soluções, continuando a investir em I&D sobretudo no desenvolvimento dos motores de detecção de risco, a partir das tecnologias mais avançadas na área de Inteligência Artificial ou de Machine Learning.
# Farfetch
Na semana que passou, a empresa de José Neves chegou à Bolsa de Nova Iorque, com a bandeira portuguesa içada numa das mais emblemáticas bolsas do mundo. Dedicada à comercialização de artigos de luxo, através de uma plataforma online, a Farfecht tem vindo a dar sinais de que continua a valorizar as competências e conhecimentos nacionais. Em Julho, abriu um novo centro tecnológico em Braga procurando atrair talento e apoiar o seu crescimento, numa lógica de inovação aberta de que é também exemplo o programa de startups – Dream Assembly – apoiadas pela Farfetch em diversos domínios, desde novos serviços online à Inteligência Artificial ou Realidade Virtual.
Três exemplos. Três novos centros ou laboratórios de I&D. Empresas inovadoras. Globais. Constroem diariamente o futuro, com talento, conhecimento e investigação a partir de Portugal. Outras existem. Precisamos de mais. Com mais investimento em I&D e Inovação, com mais ligações no sistema de inovação nacional e internacional, com mais valorização de conhecimento, com mais talento. Quem quer, consegue fazer acontecer.
A autora escreve de acordo com a antiga ortografia.