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Nuno Rangel, CEO da Rangel: “Queremos ser o melhor a operar encomendas no país”

Com a compra de 51% da Rangel Expresso por 11,2 milhões, por parte da espanhola Correos, a empresa portuguesa ambiciona crescer no mercado.
27 Abril 2019, 17h00

O Grupo Correos e o Grupo Rangel apresentaram formalmente na passada quarta-feira, em Lisboa, o negócio que envolve as duas empresas de distribuição de encomendas. O maior grupo estatal espanhol deste setor, fundado em 1716, comprou 51% da Rangel Expresso por 11,2 milhões de euros, sendo que os restantes 49% continuarão a pertencer à empresa portuguesa, naquele que é o primeiro negócio feito fora de portas da distribuidora espanhola.

A Correos Express Portugal, nome resultante desta parceria, já foi aprovada pelo Conselho de Ministros de Espanha, ficando apenas a faltar o sim da Autoridade da Concorrência em Portugal, algo que deverá acontecer até ao final de abril.

Juan Manuel Serrano, presidente da Correos, esteve presente no evento e traçou como objetivo para os próximos cinco anos uma entrega total de cerca de 35 milhões de encomendas, tendo como principal destino ou origem Espanha, de forma a poder obter um crescimento nas vendas de cerca de 60 milhões de euros.

Nuno Rangel, CEO da Rangel,  em declarações ao Jornal Económico, sublinha que para a empresa esta “é uma operação bastante importante”, dado que “este é um mercado extremamente competitivo, com um dos maiores players presentes ao nível das multinacionais, e como a atuação é cada vez mais ibérica, vemos neste negócio da Correos uma grande oportunidade”.

Para Nuno Rangel, este negócio permite à distribuidora portuguesa “competir de outra forma, com outra capacidade de investimentos e de tecnologias e que vai refortalecer muito esta empresa”.

O responsável do Grupo Rangel, assume que não estava à espera da proposta do Grupo Correos. “Ficamos sempre surpreendidos com qualquer tipo de abordagem deste género, mas sendo uma empresa portuguesa privada e ainda independente no mercado, sabiamos que isto ia atrair outras empresas”, reforçando, no entanto, que “não estávamos à espera que a Correos ao fim de 303 anos, sem nunca se ter internacionalizado, desse este passo neste momento”, refere.

Quanto à forma como a proposta foi elaborada, Nuno Rangel afirma que a Correos abordou a Rangel e “fizeram questão de que não queriam adquirir os 100%, o que é normal as empresas quererem, para crescerem na quota de mercado. Mas eles disseram claramente que queriam ter um sócio local que os ajudasse a fazer crescer o negócio. Isso dá-nos mais entusiasmo, porque fazemos parte do projeto e ficamos na história”, diz, explicando que “ao fim de 303 anos os Correos decidiram internacionalizar-se – sendo a maior empresa estatal de Espanha -, escolheram Portugal primeiro e a Rangel como sócio, o que é para nós um grande orgulho”, salienta Nuno Rangel.

Com as empresas do setor a ocuparem 75% da quota de mercado, estando a Rangel atualmente fora do top-5, o CEO do grupo português, vê neste negócio a possibilidade de subir no ranking.

“Toda a gente tem ambição de crescer e nós vamos crescer, mas o crescimento para nós vai ser natural. O que nós queremos é ver o trend do comércio eletrónico e das entregas do comércio eletrónico no business to consumer, mas mais do que tudo, queremos oferecer um excelente nível de serviço e sermos a melhor empresa a operar no nosso país, para termos, a nível ibérico, a mesma solução e qualidade de serviço, para os nossos clientes em ambos os países”, explica Nuno Rangel.

Sobre os 160 colaboradores que vão integrar as 12 instalações que a Rangel Expresso tem em Portugal resta saber se serão todos portugueses. O CEO diz que “hoje são portugueses, mas acreditamos que virão algumas pessoas de Espanha, porque o know-how de 300 anos dos Correos são essenciais”.

Quanto à possibilidade de alargar negócios para outros países, Nuno Rangel, afirma que “para já queremos cimentar esta operação. Não nos podemos esquecer que a Rangel Expresso só representa 15% do Grupo Rangel, que está em cinco países”, acreditando que a parceria com a Correos vai merecer mais atenção dos restantes concorrentes. “Eles já tinham algum respeito pela Rangel, mas sabiam que era um operador 100% local e que não conseguia competir com as mesmas armas dos outros”, refere. Este negócio poderá servir de catalisador para mais empresas do setor entrarem em Portugal. Nuno Rangel realça que “é preciso perceber que os Correos têm um grupo muito grande, são a maior empresa estatal vizinha, com cerca de 53 mil colaboradores. A entrada dos Correos em Portugal foi falada em toda a Espanha, e isso é positivo porque pode haver empresas portuguesas a quererem entrar em Espanha”, remata.

Artigo publicado na edição nº 1984, de 12 de abril, do Jornal Económico

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