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Radioamadores dos Açores apelam a alteração na legislação

“A legislação que está em vigor não faz sentido para a nossa realidade atual. É uma legislação muito má. Estamos a tentar que se façam alterações. E há muita abertura dos jovens para fazerem parte desta atividade”, disse o secretário da Associação de Radioamadores dos Açores (ARA), Bruno Farias, em declarações à agência Lusa.
5 Outubro 2025, 14h23

A comunidade de radioamadores nos Açores “está a ficar cada vez mais envelhecida” e é preciso alterar a legislação que regula a atividade, segundo o secretário da Associação de Radioamadores dos Açores (ARA).

“A legislação que está em vigor não faz sentido para a nossa realidade atual. É uma legislação muito má. Estamos a tentar que se façam alterações. E há muita abertura dos jovens para fazerem parte desta atividade”, disse o secretário da Associação de Radioamadores dos Açores (ARA), Bruno Farias, em declarações à agência Lusa.

O responsável referiu que a legislação implementada “chegou desajustada”, numa altura em que já existiam telemóveis e internet.

“Hoje, não faz sentido manter tantas limitações para um hobby que salva vidas”, sustentou, recordando que antigamente o radioamadorismo servia até para as comunicações do dia-a-dia entre familiares, quando não existiam telemóveis.

O representante explicou que atualmente o acesso à atividade é condicionado por um sistema de três categorias, sendo a primeira categoria “muito limitante”, porque o radioamador “tem de estar sempre sob supervisão de outro radioamador”.

“Antigamente fazia-se exame de radioamador e já se podia operar de seguida”, acrescentou.

O responsável manifestou esperança de que haja abertura para alterar o atual quadro legislativo “o quanto antes”.

“São precisos mais jovens. A legislação precisa de acompanhar os tempos”, defendeu.

Apesar das limitações, Bruno Farias garantiu que há muito interesse por parte das camadas mais jovens, destacando que a ARA está envolvida em diversas iniciativas.

Dentro de duas semanas, por exemplo, em São Miguel, os radioamadores vão participar num Jamboree com agrupamentos de escuteiros, onde demonstrarão “as comunicações com o mundo inteiro”.

“É um hobby que salva vidas”, sublinhou o dirigente, radioamador desde 1996, realçando que sempre foi muito ligado às tecnologias numa altura em que as chamadas eram muito caras.

“Os radioamadores conseguiam falar para qualquer parte do mundo de graça praticamente e a qualquer hora do dia. E esta atividade sempre me fascinou”, acrescentou, recordando que também o avô foi radioamador.

O radioamadorismo tem várias vertentes e não serve apenas para estabelecer comunicações: “Criam-se amizades, fazem-se viagens e concursos.”

A ARA está também envolvida na organização de concursos internacionais. No final de outubro, um grupo de radioamadores desloca-se à ilha de Santa Maria para participar num concurso internacional de 48 horas em que tentarão contactar operadores “do mundo inteiro”, em parceria com a Associação de Radioamadores Mariense.

O evento, que decorre anualmente em diferentes ilhas dos Açores, já levou radioamadores a operar a partir da Graciosa, em março, onde obtiveram pela primeira vez o primeiro lugar mundial. Para o ano será realizado na Terceira, ficando só a faltar a ilha do Corvo.

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