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Novo Banco: António Ramalho recuperou 1,6 mil milhões em ‘cash’ dos ativos herdados do BES

Desde junho de 2016 o banco reduziu em 3,9 mil milhões os ativos do mecanismo, destes as perdas foram de 2,3 mil milhões.
23 Março 2019, 08h00

O Novo Banco, desde junho de 2016, reduziu os ativos que estão protegidos pelo mecanismo de capitalização contingente (CCA) em 3,9 mil milhões de euros, passando de 7,9 mil milhões, líquidos de imparidades, para quatro mil milhões de euros. Esta redução de ativos problemáticos (feita através de vendas e recuperações) teve uma componente de perdas de 2,3 mil milhões de euros, líquidas de custos de financiamento, e uma componente de recuperações, no montante de 1,6 mil milhões de euros. Não é possível determinar quanto destes 1,6 mil milhões se referem a recuperações de crédito propriamente ditas, uma vez que este valor engloba “títulos e outros ativos”, e imóveis.

Esta semana, o ministro das Finanças, Mário Centeno, disse, numa entrevista à RTP 3, que “os ativos protegidos pelo CCA desceram cerca de 3,9 mil milhões de euros, mas as perdas são de “apenas” 2,66 mil milhões de euros”.  Uma fonte ligada ao processo explicou ao Jornal Económico que, destes 2,66 mil milhões, cerca de 350 milhões são custos de financiamento e outros custos associados ao financiamento. Donde as perdas dos ativos do mecanismo, sem estes custos, somam 2,3 mil milhões. Quando se compara com os 3,9 mil milhões de redução dos ativos que estão sob o CCA, verifica-se que o diferencial de 1,6 mil milhões dizem respeito a recuperações desses ativos e foi por essa via que deixaram de estar debaixo do mecanismo a cargo do Fundo de Resolução. “Uma parte da redução dos ativos que estão sob o mecanismo, foi feita através do pagamento em dinheiro”, explicou fonte conhecedora do processo, que reforça que “a administração do Novo Banco conseguiu recuperar cerca 1,6 mil milhões de euros de ativos problemáticos [herdados do BES] desde junho de 2016”.

Já Centeno explicou que “a parte má do Novo Banco, que tinha inicialmente o valor líquido de 7,9 mil milhões e que neste momento está reduzida a quatro mil milhões, é um conjunto de ativos que vai ser recuperado ou vendido, ao longo do tempo”, disse na entrevista à RTP3.

“É verdade que, com o montante que o Novo Banco pede agora [1,149 mil milhões], está praticamente usado 50% do montante previsto no mecanismo de capital contingente (e que é no máximo de 3,89 mil milhões), mas também é verdade que o montante de ativos que estão sob o mecanismo reduziram-se para metade, para quatro mil milhões, e destes apenas 2,7 mil milhões foram na verdade perdas assumidas”, reforçou à RTP Centeno.

“Estas perdas estão enquadradas naquele que foi o montante máximo que nós estipulámos no início do contrato para este mecanismo de capital contingente, e que tem a validade de oito anos”,  disse ainda Mário Centeno.

Na apresentação de resultados anuais, o banco anunciou que os ativos do “ Novo Banco Legacy” reduziram-se em 4,1 mil milhões (valor líquido) em resultado do desinvestimento em ativos de maior risco. O “Novo Banco Legacy” integra não só os créditos incluídos no CCA (cerca de 92% do total da carteira de crédito legacy), mas também outros créditos, títulos, imóveis (non-yielding) e operações descontinuadas considerados, na sua maioria, como não estratégicos nos compromissos assumidos com a DGComp europeia após a resolução, lê-se na apresentação de resultados.

Artigo publicado na edição nº1979 de 8 de março do Jornal Económico

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