O Presidente da República de Timor-Leste, Ramos Horta, manifestou-se hoje “profundamente desiludido” com a atuação do anterior Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden, face ao “genocídio” do povo palestiniano em Gaza.
Ramos Horta, que ganhou o Prémio Nobel da Paz em 1996, disse, em Braga, onde recebeu hoje o doutoramento honoris causa da Universidade do Minho, esperar que o atual Presidente dos EUA, Donald Trump, tenha “consciência e inteligência para ver que Israel está a arrastá-los todos para o lamaçal moral”.
“Os EUA não é só Donald Trump. Isto começou com o Biden, foi na administração dele que houve o atentado de 07 de outubro do Hamas. Estou profundamente desiludido com o Biden e os democratas”, referiu.
Para Ramos Horta, não é correto “todos agora criticarem Donald Trump”.
“Não, isto começou com o senhor Biden. Espero que Donald Trump tenha consciência e inteligência para ver que Israel está a arrastá-los todos para o lamaçal moral”, vincou.
Ramos Horta confessou que vê o “genocídio” de Gaza com “angústia, desilusão e revolta”.
“Fico profundamente abalado ao assistir em direto ao genocídio premeditado ao povo palestino e ao silêncio ensurdecedor, à hipocrisia e à contínua provisão de armas aos perpetradores desta tragédia”, referiu.
O Presidente de Timor-Leste frisou a sua “profunda desilusão com o dito mundo ocidental democrático”.
“Levaram tantos anos para ter coragem de uma Espanha que, desde o início, perentoriamente, sem receio, declarou apoio ao Estado da Palestina”, criticou.
Aludiu a um “genocídio a acontecer minuto a minuto, hora a hora, em ‘live streaming’, com o mundo ocidental a assistir impávido e sereno”.
“Os ocidentais, que pregam muito a democracia, tiveram o desplante de ignorar, de encontrar desculpas para a ação de Israel”, disse ainda.
Também presente na sessão, o Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, disse sentir-se feliz “por ter sido protagonista no reconhecimento por Portugal do direito à existência do Estado palestiniano”.
“Uma realidade que demorou tanto tempo a poder ser objeto de reconhecimento na nossa pátria e noutras pátrias europeias”, admitiu Marcelo.
A Universidade do Minho atribuiu hoje o título de doutor honoris causa a Ramos-Horta pelo seu papel na defesa dos direitos humanos, da autodeterminação dos povos e na consolidação da paz e da democracia em Timor-Leste.
Marcelo referiu-se ao Presidente de Timor-Leste como um “génio racional”, dotado de uma “inteligência fulminante”.
“Este doutoramento é histórico, tanto pelo doutor como pelo povo que ele representa”, disse ainda.
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