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Realidade “gritante e crescente”. Emissão de gases poluentes atingiu um novo recorde

A concentração de gases de efeito estufa na atmosfera atingiu um novo recorde, de acordo com o mais recente relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) da ONU.
25 Novembro 2019, 13h12

O relatório da OMM, publicado esta segunda-feira e citado pelo jornal The Guardian, constatou que a concentração média global de CO2 alcançou 407,8 partes por milhão (ppm) em 2018, acima dos 405,5ppm em 2017. Ao que tudo indica, é 50% superior aos dados registados em 1750, antes da revolução industrial ter impulsionado a queima generalizada de carvão, óleo e gás.

A recolha de dados realizada em 2018, mostra que o aumento dos principais gases ficou acima da média da última década, um aumento que comprova que a ação de emergência climática não tem tido efeitos positivos na atmosfera até agora. A OMM sublinha que a diferença entre as metas estabelecidas e a realidade era “gritante e crescente”.

O crescimento na concentração de gases de efeito estufa segue inevitavelmente o aumento contínuo das emissões globais, que foi descrito como uma “notícia brutal” em 2018. Os cientistas de todo o mundo calculam que as emissões devem cair pela metade até 2030 para dar uma boa margem de limitar o aquecimento global até 1.5 graus Celsius, a temperatura ideal delimitada no Acordo de Paris de 2015. Os mesmos especialistas alertam que a subida de temperaturas provocará mais ondas de calor, secas, inundações e pobreza que deverão afetar milhões de pessoas.

“Não há sinal de desaceleração, muito menos de um declínio, apesar de todos os compromissos do Acordo de Paris”, afirma Petteri Taalas, secretário-geral da OMM. “Precisamos aumentar o nível de ambição em prol do futuro e do bem-estar da humanidade”, cita o The Guardian as declarações do especialista.

“Vale a pena lembrar que a última vez que a Terra sofreu uma concentração comparável de dióxido de carbono foi há 3-5 milhões de anos atrás. Naquela época, a temperatura era 2-3 graus Celsius mais quente e o nível do mar era 10 a 20 metros mais alto do que agora”, reitera.

Três quartos dos cortes de emissões prometidos dos países sob o acordo parisiense são considerados “totalmente inadequados”, de acordo com uma análise abrangente de especialistas publicada no início de novembro, que coloca o planeta a caminho de um desastre climático. Outro relatório indica que as nações estão a caminhar no sentido de produzir mais do que o dobro dos combustíveis fósseis em 2030 do que poderiam ser queimados.

Desde 1990, o aumento dos níveis de gases de efeito estufa tem influenciado em 43% o aquecimento da atmosfera. Grande parte disso, cerca de quatro quintos, esclarece o The Guardian, é causado por CO2. As outras duas remetem para as concentrações de metano e óxido nitroso que também aumentaram em 2018 numa quantidade superior à média anual da última década.

O metano, produzido pelo gado e a exploração de combustíveis fósseis, é responsável por 17% do aquecimento. O óxido nitroso, proveniente do uso intenso de fertilizantes e da queima de florestas, agora é 23% mais elevado do que em 1750. As observações são feitas pela rede Global Atmosphere Watch, que inclui estações no Ártico, altas montanhas e ilhas tropicais.

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