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Reaproveitamento da lama das ETAR ajuda agricultores e traz benefícios ambientais

Após a recolha nas ETAR, as lamas são transportadas para uma plataforma de Operadores de Gestão de Resíduos (OGR) para serem armazenadas e higienizadas (processo que demora menos de uma semana) ou para sofrerem compostagem (processo nunca inferior a três meses).
13 Maio 2020, 07h15

A Associação de Empresas de Valorização de Orgânicos (AEVO) responsável pela recolha, tratamento e reutilização de 70% da produção nacional de lamas de Estações de Tratamento de Águas residuais (ETAR) aproveitam os recursos recolhidos para ajudar agricultores locais ao mesmo tempo que o meio ambiente sai beneficiado com a reciclagem de matérias que de outra forma seriam despejadas em aterros.

As lamas de ETAR resultam do processo de tratamento das águas residuais e precisam de ser retiradas quase diariamente destas infraestruturas, uma vez que a maioria das ETAR não têm um espaço adequado de armazenamento. Caso as lamas não sejam recolhidas, as ETAR deixam de ter condições para funcionar normalmente, fazendo com que as águas residuais tenham de ir diretamente para os rios/mar. Por dia em Portugal, são produzidas mais de duas mil toneladas de lamas todos os dias.

Após a recolha nas ETAR, as lamas são transportadas para uma plataforma de Operadores de Gestão de Resíduos (OGR) para serem armazenadas e higienizadas (processo que demora menos de uma semana) ou para sofrerem compostagem (processo nunca inferior a três meses).

Depois do tratamento das lamas de ETAR, o material resultante pode ser valorizado diretamente na agricultura, onde será utilizado para fertilizar os solos, após diversos procedimentos legais dos respetivos licenciamentos. O composto, material que resulta da compostagem, é considerado um corretivo agrícola orgânico que se assemelha a terra, e pode ser utilizado diretamente nos terrenos agrícolas, ou noutros fins semelhantes, sem que tenha de obedecer aos critérios de licenciamento das lamas, uma vez que deixa de ser considerado um resíduo.

Já as lamas higienizadas, para serem utilizadas na valorização agrícola, necessitam de um Plano de Gestão de Lamas (PGL) e de uma Declaração de Planeamento de Operações (DPO), ambos aprovados pela Direção Regional de Agricultura e Pescas, com pareceres obrigatórios da CCDR e ARH muito detalhados e morosos.

A utilização de lamas e de composto é particularmente útil para os agricultores, nesta altura de sementeira, já que estes materiais são muito ricos em matéria orgânica, escassa nos solos nacionais, e potenciam a qualidade e quantidade dos produtos produzidos.

No campo ambiental, é de salientar que o trabalho do sector representado pela AEVO permite que estas lamas recebam o tratamento recomendado, não sendo encaminhadas para destinos menos corretos, como são as soluções de aterro ou incineração. Desta forma, e devido à intervenção das OGR, as lamas são encaminhadas para onde são mais necessárias e onde a sua aplicação faz mais sentido. Ou seja, o enriquecimento dos solos portugueses, sejam agrícolas ou florestais.

Os associados da AEVO fazem a recolha destas lamas em mais de 120 concelhos portugueses, de Norte a Sul, sendo que estas são utilizadas em valorização agrícola em mais de 40 concelhos. Esta atividade é um exemplo concreto de economia circular, já que estes resíduos são transformados num material que permite a fertilização, através da valorização orgânica, de terrenos agrícolas e florestais, proporcionando ganhos económicos a todas as partes envolvidas no processo

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