[weglot_switcher]

Rebelo de Sousa: “Precisamos que os 16 mil milhões do PRR sejam mesmo usados”

Numa mensagem de ano novo virada para as questões económicas e de desenvolvimento, o Presidente da República lembrou que 50 anos de democracia não chegaram para acabar com a pobreza e apelou ao bom senso institucional.
1 Janeiro 2025, 20h26

Num ano em que os portugueses comemoraram “50 anos do 25 de abril, os 100 anos de Mário Soares”, houve “um ciclo que se fechou”, mas os problemas endémicos que afetam o país, ou pelo menos alguns deles, não foram ultrapassados, disse o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na sua tradicional mensagem de ano novo.

“Precisamos de menos pobreza: os dois milhões de portugueses pobres é um problema” que a democracia não conseguiu ultrapassar, salientou, para afirmar que “precisamos de mais educação, melhor saúde mais habitação. Precisamos de elevar os recursos humanos, de apostar na energia limpa, no digital mas não deixando que se aprofunde a distância entre os jovens que avançam e os que não avançam, entre os jovens” e os menos jovens.

Num contexto geral, disse ainda Rebelo de Sousa, “precisamos de renovar a nossa democracia e de “uma economia que cresça e possa pagar melhor, corrigindo desigualdades”, mas também confirmando o que foi bem feito.

“Precisamos que os 16 mil milhões do PRR sejam mesmo usados” e gastos nos lugares que devem ser impulsionadores de benefício e não de perda. “Precisamos do bom senso que nos levou a consolidar o relacionamento estratégico” com “estabilidade e respeito”. Para além de “precisarmos de renovar a democracia”, é ainda preciso “tolerância, combater a corrupção, recusar de violência”. O Presidente afirmou ainda a necessidade de capacitar o sistema de justiça, na administração pública. “Precisamos de afirmar a visão universal de Camões. Ser português é ser universal”, concluiu.

Antes de falar sobre Portugal, Rebelo de Sousa demorou-se alguns minutos nos temas internacionais. “O ano de 2024 definiu caminhos que vão determinar o ano que começa. As principais guerras continuam, a economia permanece fraca apesar do alívio dos juros e da inflação”.

Mais especificamente, o Presidente da República falou sobre “as eleições dos Estados Unidos, que deram o regresso a 2016”, com Donald Trump fazer “a paz que quer na Ucrânia: justa ou injusta? Tendo de escolher entre querer colaborar com a União Europeia ou afastando-se dela?”, questionou.

Exigindo “mais aliança entre os Estados Unidos e a União Europeia na economia, na Ucrânia e no Médio Oriente”, dado que, afirmou, só assim, será uma vitória para o alainça atlântica, em detrimento para a China e a Rússia. “Precisamos de tudo fazer pela aliança com os Estados Unidos, mas não só: a União tem de manter-se unida”. Até porque essa é a única forma de a Europa “ganhar peso militar próprio e recuperar economicamente, corrigir o atraso no conhecimento, no saber e finalmente reformar os seus fragilizados sistemas económicos políticos e sociais”. Tudo isto ao mesmo tempo, disse, o que considerou essencial para o agregado “se afirmar no mundo”.

Foi a penúltima vez que Marcelo Rebelo de Sousa se dirigiu ao país em versão mensagem de ano novo. Para o ano ainda será presidente, mas estará de saída, com a campanha eleitoral de onde resultará o nome do seu substituto a correr em velocidade cruzeiro.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.