Mantém-se uma clara divergência entre as fases dos ciclos económicos em que se encontram as economias desenvolvidas, com os EUA à frente no crescimento e na fase do ciclo, e a Zona Euro mais recuada, com alguns países, como a Alemanha, em etapas bastante mais avançadas, e outros, como a Itália, a ficar para trás.

Ainda que com estas diferenças, os indicadores continuam a melhorar e sugerem inclusive uma nova aceleração no crescimento europeu: os inquéritos aos gestores de compras antecipam um crescimento do PIB de 2%, um bom ritmo para a zona Euro. Sem pressão inflacionária, o BCE pode manter a sua política monetária acomodatícia, e depois das eleições em França, estão para já atenuados os principais riscos políticos. Mas se é certo que estes riscos mais agudos diminuíram, a Europa não conseguiu ainda resolver os seus problemas crónicos, estruturais, que condicionam a competitividade relativa da região e em particular a dos países periféricos.

No Reino Unido e apesar das consequências iniciais do Brexit terem sido mais suaves do que se previra, a economia começa a deteriorar-se, com o consumo pressionado pela inflação e o aumento de preços a não ser compensado pelos salários. A redução do investimento empresarial prossegue e, embora, fosse expectável que a desvalorização da libra apoiasse as exportações, isto ainda não aconteceu. Até à saída da UE, em 2019, esta incerteza deverá continuar a condicionar as decisões empresariais e a gerar nova volatilidade na moeda.

Nos EUA começou a esfriar a confiança gerada, tanto no consumo como nas empresas, pelas ambiciosas promessas de Trump, com os investidores a regressarem aos ativos mais defensivos e de alta qualidade que antes privilegiavam. Existem áreas – como o crescimento económico de 4% ou os novos 25 milhões de empregos – que dificilmente serão cumpridas, mas outras há – comércio internacional, desregulação do setor bancário, redução de impostos empresariais, entre outras – que devem avançar, sob o risco dos Republicanos perderem, em novembro de 2018, a maioria na Câmara dos Representantes.

Apesar dos aumentos de taxas de juros nos EUA, os mercados emergentes têm mantido um bom desempenho. As suas moedas tinham já desvalorizado nos dois últimos anos, tornando-se mais competitivas, e os seus bancos centrais tinham aumentado taxas, o que cria agora alguma margem para, se necessário, as reduzir. De resto, o facto das medidas protecionistas norte-americanas não terem entrado em vigor, favorece os ativos destes mercados.

Mercado pouco complacente

Com este cenário, o Índice VIX, que mede a volatilidade do mercado, encontra-se em mínimos que há muito não eram observados. Eles justificam-se pela elevada liquidez global, que permanecerá, alimentada pelos bancos centrais da Europa e Japão, mesmo que os EUA antecipem nova subida de taxas de juros, e pela redução do risco potencial da inflação. São ainda apoiados pela melhoria das expectativas de crescimento, assim como pelos resultados das empresas que se mostram muito positivos, em especial nos EUA. Ainda assim, o mercado está pouco complacente com este sentimento, mantendo a sua preferência por ativos de maior qualidade e pelas zonas mais defensivas do mercado de capitais.