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Reforço de meio bilião de euros da bazuca do BCE aprovado após reunião “tensa”

A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, disse no Conselho de Governadores que poderia não ser necessário utilizar por completo reforço do programa de Compra de Emergência Pandémica para alcançar um consenso alargado.
11 Dezembro 2020, 18h00

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, conseguiu chegar a uma solução de compromisso dentro do Conselho de Governadores para aprovar a recalibragem dos instrumentos de política monetária que teve por objetivo mitigar o impacto negativo da segunda vaga de Covid-19 na economia da zona euro.

No curto prazo, o BCE projeta uma queda do PIB da zona euro no quarto trimestre de 2,2%, e uma recessão de 7,3% este ano no cenário base.

A decisão do BCE foi anunciada esta quinta-feira e, segundo a agência “Reuters“, aconteceu depois de Christine Lagarde conseguir obter “uma maioria larga” para aprovar  as novas medidas de política monetária, nomeadamente o reforço do Programa de Compra de Emergência Pandémica (na sigla inglesa, PEPP) em meio bilião de euros, que tem agora uma dotação total de 1,85 biliões de euros, e a sua extensão por mais nove meses, pelo menos, até março de 2022.

A publicação, que cita cinco fontes com assento no Conselho de Governadores ou próximas dele, refere que a reunião sobre política monetária foi “tensa” e que gerou “desacordos” sobre as novas compras adicionais de dívida pública ao abrigo do “novo PEPP”, como lhe chamou Christine Lagarde.

Na conferência de imprensa que se seguiu ao anúncio da decisão do BCE, a presidente do banco central foi imediatamente questionada sobre se o processo de recalibragem dos instrumentos de política monetária teve a unanimidade do Conselho de Governadores. Na resposta, a francesa foi evasiva e explicou apenas porque é que foi decidido prolongar o PEPP por mais nove meses.

“Houve discussões sobre a extensão da duração. Devia haver um prolongamento porque estamos em face de circunstâncias que são, no curto prazo, mais difíceis por causa da segunda vaga e das medidas de confinamento. Decidimos nove meses porque temos boas razões para acreditar que no final de 2021 teremos chegado a uma imunidade de grupo suficiente de forma a que a economia funcione em circunstâncias mais normais”, disse Christine Lagarde.

A presidente do BCE explicou também que as medidas aprovadas ontem — foram seis no total —, incluindo o PEPP, teve como fundamento a preservação de condições favoráveis de financiamento.

Segundo apurou a “Reuters”, na semana passada esteve em cima da mesa do Conselho de Governadores dar um poder de fogo ao PEPP de 750 mil milhões de euros, uma proposta que não foi consensual e que levou o economista-chefe do BCE, Philip Lane, a reduzir o reforço do envelope para 500 mil milhões de euros, que quase não foi aprovada porque os governadores dos bancos centrais estavam em desacordo sobre o outlook económico, o volume das compras de obrigações soberanas e os termos dos empréstimos à banca.

Christine Lagarde conseguiu alcançar uma “larga maioria” para a recalibragem dos instrumentos de política monetária referindo que reforço no PEPP não teria de ser esgotado desde que as condições de financiamento permanecessem favoráveis.

A presidente do BCE também assegurou que teria de haver nova reunião do Conselho de Governadores no caso de o PEPP ter de ser novamente reforçado.

Com estes argumentos, Christine Lagarde conseguiu ‘dar à volta’ aos membros do Conselho de Governadores que queriam compras de dívida em menor escala, argumentando que as yields estão historicamente baixas.

https://jornaleconomico.pt/noticias/bce-recalibra-pepp-com-mais-poder-fogo-bazuca-de-emergencia-passa-para-185-bilioes-de-euros-674185

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