Os resultados provisórios indicam uma clara descida da abstenção, que poderá ser explicada pelo empate nas sondagens, que terá mobilizado os que costumam achar que os resultados já estão decididos; pelos descontentes que acreditaram no discurso do Chega; e pelos assustados com o crescimento da extrema-direita.

Ainda não é claro quem irá ganhar, mas as questões mais significativas serão: quanto tempo irá durar este novo governo? Irá ser reformista ou apenas um gestor do quotidiano?

Os momentos críticos são a votação do orçamento, sendo provável que o de 2025 seja aprovado, porque seria demasiado cedo para o derrubar, para além de as eleições subsequentes poderem gerar um resultado semelhante ao actual.

No Outono de 2025, entraremos num novo período tumultuoso e é provável que a nova solução governativa chegue ao fim. Com duas agravantes: o Presidente da República não pode dissolver o parlamento no último semestre do seu mandato, ou seja a partir de Setembro de 2025. O novo PR também não poderá dissolver no primeiro semestre do seu mandato, ou seja, até Setembro de 2026. Isso implica que poderemos ficar com um governo de gestão durante mais de um ano, com a agravante de termos um orçamento em duodécimos.

Em relação ao reformismo do novo governo, tem que se recordar que ele vai depender de dois aspectos. Por um lado, dada a fragilidade política do executivo, estará disposto a correr muitos riscos? Por outro, por ser minoritário e depender de negociar com a oposição, em que medida é que esta lhe vai permitir ser ousado? Parece que teremos que esperar para podermos responder a estas questões.

Uma coisa é certa: o país irá perder muito se tivermos mais uns anos de gestão do quotidiano, após oito anos desperdiçados. Já levamos quase um quarto de século de estagnação económica e os desafios do futuro são gigantescos (alterações climáticas, inteligência artificial, reindustrialização, etc., etc.).

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.