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“Regras para reduzir fluxos migratórios não trarão nada de bom ao turismo”

A opinião é de Rui Pedro Pereira, CFO do grupo Moviter, e foi partilhada esta quinta-feira no “Encontro Fora da Caixa”, promovido pela Caixa Geral de Depósitos e do qual o Jornal Económico é ‘media partner’.
18 Julho 2024, 19h21

O turismo esteve em destaque no mais recente “Encontro Fora da Caixa”, promovido pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) e do qual o Jornal Económico (JE) é media partner. Consolidação, tecnologia, regulamentação e mão-de-obra foram alguns dos temas abordados por um painel de oradores composto por instituições e grupos empresariais ligados a esse sector e à banca.

Rui Pedro Pereira, Chief Financial Officer (CFO) do grupo Moviter, aproveitou a ocasião para alertar que “insistir no tema do controlo da imigração vai colocar mais pressão no sector no curto prazo”. “Regras para reduzir fluxos migratórios não trarão nada de bom, porque grande parte da oferta de mão-de-obra vem de imigrantes”, advertiu o CFO da Moviter.

Na sua opinião, a “regulação não deve ser demasiado intrusiva”, até porque, por exemplo, “o alojamento local pode ser oportunidade para aumentar o turismo com pessoas que vêm para o país por outros fatores além das qualidades do litoral português”.

Questionado sobre o caso específico da região Oeste, Rui Pedro Pereira diz que a componente digital é uma ferramenta importante para trazer mais turistas e discrimina, positivamente ou negativamente, a atração de mais ou menos hóspedes num hotel. Inclusive, turistas que gostam de mais do que sol e praia.

Em relação ao talento, o CFO da Moviter contou que alguns grupos económicos estão a praticar políticas que premeiam a permanência, recorrendo a prémios trimestrais para assegurar que os colaboradores não abandonam os seus postos de trabalho numa base sazonal.

O diretor geral da Eurostars Portugal optou por falar da gestão das cidades, uma medida que considera importante para o desenvolvimento do sector. “Os hotéis têm de saber construir, com a ligação às entidades locais, uma oferta cultural dentro dos próprios hotéis. Isso é possível sem despovoar as cidades. Precisamos que haja um incentivo que as pessoas se mantenham nas cidades”, defendeu Luís Cruz, no evento que se realizou no Cineteatro de Alcobaça.

No painel “Turismo em Portugal 360º”, moderado por Filipe Alves, diretor do JE e publisher da Media Nove, o diretor geral do grupo hoteleiro deu ainda um exemplo de zonas que o preocupam: as que têm “imensos produtos e programas turísticos, mas todos desalinhados e desarticulados. Rota romântica, rota dos castelos…”. Na visão de Luís Cruz, Lisboa é um caso de estudo de sucesso.

Francisco Cary, administrador executivo da CGD, referiu que há capital para investir no sector. Quanto à necessidade de maior consolidação, respondeu: “No turismo convivem players de vários tamanhos. Há alguns que já têm alguma dimensão crítica para sustentar investimentos nos canais de distribuição, mas como também há algumas restrições à entrada de capital, existem alguns players de menor dimensão para quem possam espoletar necessidades de concentração”.

O gestor da Caixa fez ainda referência ao ESG e a linhas do Estado, das quais a CGD é intermediária, que incentivam a transição energética das empresas deste segmento de atividade. “Os objetivos da descarbonização da economia e com os quais o país e a Europa estão comprometidos obrigam a espalhar-se pelos vários sectores da economia. Percebeu-se que os bancos seriam importantes para catalisar uma mudança de comportamentos. Estamos comprometidos com a neutralidade carbónica”, concluiu.

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