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Regresso de Trump dá novo fôlego aos mercados

Praças europeias e americanas a subir, dólar a crescer, mas obrigações norte-americanas num sentimento negativo com perspetiva de políticas protecionistas. Os mercados mostram-se satisfeitos com Trump na Casa Branca.
Trump
6 Novembro 2024, 10h08

Os mercados mundiais continuam a mexer, e a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais parecem ter dado um novo fôlego a estas mexidas. Na mais recente análise do BA&N Research Unit, “os mercados estão a reagir com movimentos bruscos ao regresso de Donald Trump à Casa Branca, bem como à vitória dos Republicanos no Congresso”.

O entusiasmo, explica o analista Nuno Carregueiro, neste regresso surge porque Trump “vai facilitar a implementação da política protecionista e de descida de impostos”. Estes foram dois pontos fortes ao longo da sua campanha.

“A ‘onda vermelha’ que resultou das eleições desta terça-feira está a dar força à negociação que ficou conhecida por Trump Trades, afetando uma série de ativos que tendem a beneficiar com o regresso dos republicano à Casa Branca”, sustenta a análise. De facto, o regresso de Donald Trump era o que mais entusiasmava o mercado, segundo as várias análises que foram sendo lançadas em antecipação aos resultados.

Em formato de antecipação à praça norte-americana, Nuno Carregueiro indica tudo aponta para o verde na abertura de Wall Street. “Os índices em Wall Street devem abrir em máximos históricos, prolongando os ganhos muito acentuados que registam em 2024 (acima de 20%). Os futuros do S&P500 valorizam 2%, o Dow Jones avança mil pontos e o Russell 200 (small caps) dispara mais de 5%, com os investidores a apostarem que as políticas de Trump vão suportar o crescimento da atividade económica e beneficiar sobretudo as empresas com atividade no mercado interno e de menor dimensão”, lê-se na análise do Morning Call.

A intenção do republicano em descer a taxa de imposto sobre as empresas (IRC em Portugal) dos atuais 21% para 15% está a ser dada como certa depois do partido ter conseguido o controlo do Congresso, numa perda esmagadora para o partido democrata.

Mas os ganhos não se cingem aos Estados Unidos, e isso ficou evidenciado aquando da abertura das praças europeias. Apesar das perdas nos índices ibéricos, as restantes praças abriram com um sentimento bastante positivo, especialmente no momento em que Trump discursava.

“As bolsas globais também estão a marcar ganhos muito pronunciados, apesar da proposta de Trump de aumentar as tarifas representar
uma ameaça ao comércio global e avanço da transição energética. O Nikkei disparou mais de 2% e o europeu Stoxx600 avança mais de 1,5%, apesar de diversas companhias estarem a reagir em queda acentuada à vitória de Trump. É o caso da Maersk (-4%) e da portuguesa EDP Renováveis (-7%)“, aponta a análise. Ainda assim, é importante lembrar que a EDP Renováveis apresentou esta manhã os seus resultados até setembro, onde revelou uma quebra dos lucros na ordem dos 50%.

O mesmo é sentido nas moedas. “O índice do dólar disparou perto de 2% na subida diária mais acentuada em quatro anos que colocou a moeda em máximos de novembro de 2023. O peso mexicano afunda mais de 3% e o euro desliza 1,5% para 1,0768 dólares. A Bitcoin disparou para máximos históricos acima de 75 mil dólares, pois Trump tem políticas favoráveis às criptomoedas”.

No entanto, as obrigações norte-americanas mostram-se em movimento negativo. A taxa dos títulos dos EUA a 10 anos está a disparar 12 pontos-base para 4,4%, “um máximo de quatro meses”. Isto significa, segundo o analista, que “o mercado teme que as políticas orçamentais de Trump representem uma deterioração das já débeis contas públicas do país e que medidas protecionistas impulsionem a inflação, travando o alívio da política monetária da Fed”.

Foram vários os analistas que já lançaram o alerta de que “este movimento de alta sustentada das yields das obrigações norte-americanas pode contagiar negativamente as ações, como se tem assistido nas últimas sessões. Na Europa as obrigações estão a transacionar em alta, com a yield dos títulos a 10 anos a ceder 4 pontos-base para 2,38%”.

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