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Regulação de IA mais leve e maior investimento para a Europa

Estão a ser anunciados investimentos em IA em Paris e líderes globais pedem uma regulação mais branda no bloco europeu, com receios de perdas.
IA
Participants attend the Artificial Intelligence (AI) Action Summit at the Grand Palais in Paris, France, February 10, 2025. REUTERS/Benoit Tessier
11 Fevereiro 2025, 07h00

Paris está a ser o centro das atenções para se discutir o tema da Inteligência Artificial (IA). O Paris AI Summit está a reunir, desde segunda-feira e até esta terça-feira, 11 de fevereiro, líderes de empresas e líderes mundiais para discutir os perigos e potencialidades que a IA tem no mundo e, especialmente, na Europa.

Para iniciar toda a cimeira e mostrar que não vai ficar atrás de potências como Estados Unidos ou China, o presidente francês revelou que o setor tecnológico e de IA vai receber um investimento de 109 mil milhões de euros nos próximos anos, nomeadamente um investimento de 20 mil milhões de euros pela empresa canadiana Brookfield em projetos de IA em França.

Numa altura em que o presidente norte-americano Donald Trump eliminou as barreiras impostas pelo seu antecessor, por forma a acelerar a aposta em IA, várias tecnológicas pedem menos regulação por parte da União Europeia. Este é um dos pontos centrais da discussão em Paris, uma vez que a Europa está à frente em termos de regulação com o AI Act, enquanto os Estados Unidos e a China vão fazendo acontecer e apostam numa regulação mais tardia.

Por isso mesmo, vários líderes de empresas de tecnologia pedem uma regulação mais leve. De facto, o CEO da Capgemini indica que a regulação do bloco europeu é extremamente zelosa e dificultam, na maior parte das vezes, a implementação da tecnologia de IA na região.

Num artigo de opinião publicado no Le Monde, o CEO da OpenAI (que está em Paris para a cimeira) lembra que a Europa está, tal como Mario Draghi apontou, num “gap de inovação”, significando que o bloco pode continuar a ficar atrás dos Estados Unidos e da China.

“A IA está no coração do desafio. É a sua tecnologia que conduz a produtividade ao colocar ferramentas nas mãos das pessoas para as ajudar a resolver problemas complicados – desde diagnósticos médicos e acelerar investigação científica”, sustentou no artigo.

Sam Altman lembrou que os países conseguem um crescimento económico sustentado ao explorar as capacidades da IA, nomeadamente criação de empregos e transformação da educação. “Gerir a transição para a era da IA vai requerer que os governos trabalhem com o setor privado para alavancar a inovação”.

Sabe-se que grandes empresas como Alphabet (dona da Google), Anthropic, Mistral AI, Nvidia e IBM vão participar na discussão, ou pelo menos ouvi-la, no Grand Palais. O foco está, tal como França definiu, nas oportunidades que a IA permite aos humanos, em vez do foco repetitivo na condenação e glória.

Iniciativas paralelas em IA

São várias as iniciativas que viram em Paris um palco para revelar novidades. Uma delas foi a EU AI Champions Iniciative, que conta com empresas de renome entre os assinantes e também o unicórnio português Sword Health.

A tecnológica criada por Virgílio Bento é a única empresa portuguesa a integrar esta iniciativa, por forma a desbloquear o potencial da IA na Europa.

Uma das maiores vantagens desta iniciativa é o investimento de 150 mil milhões de euros em IA europeia nos próximos cinco anos, apoiado em 20 investidores-chave: Balderton, Blackstone, CVC, DST Global, EQT, General Catalyst, Insight, KKR, Lightspeed, Helsing, Deutsche Bank e Warburg Pincus.

As empresas apoiantes desta iniciativa representam uma capitalização de mercado de 2,9 biliões de euros e uma força de trabalho de 3,7 milhões de funcionários, um valor generoso tendo em conta os trabalhadores da Europa.

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