A recessão mais profunda do Reino Unido em cem anos deve ser confirmada esta quarta-feira pelos números oficiais do gabinete de estatísticas britânico, mas dados do British Retail Consortium (BRC) divulgados esta terça-feira indicam que está em curso, inesperadamente, a recuperação dos níveis internos do consumo; as vendas totais no comércio aumentaram 3,2% em julho em relação ao mesmo mês do ano passado.
As vendas de alimentos, móveis e artigos para a casa dispararam à medida que as pessoas abandonaram os seus planos normais de férias de verão e investiram noutras áreas. Num sinal de que os consumidores estão de regresso às lojas e a aumentar os gastos online, números avançados pela Barclaycard – o maior operador de cartão de crédito da Grã-Bretanha –revelaram exatamente a mesma tendência.
Segundo os analistas, à existência de capacidade de financiamento particular induzida pelas poupanças na área das viagens de turismo, acresce o bom tempo que se faz sentir no norte da Europa e uma disposição ‘anti-pandémica’ para o consumo.
O desconfinamento do consumo decidido em julho alimentou um aumento nos gastos com alimentos e bebidas em particular, enquanto os gastos com desporto e nas atividades ao ar livre aumentaram acentuadamente.
Cabeleireiros, manicures e salões de beleza que começaram a reabrir as suas portas após quatro meses de encerramento estão entre o grupo que mais cresceu em julho, mas são as lojas de móveis e de artigos eletrónicos que estão à frente da recuperação.
Os números revelam que também houve sinais positivos para restaurantes e pubs e bares, com quedas gerais homólogas de 64,2% e 43%, respectivamente, em julho, uma melhoria assinalável quando comparada com as quedas de 86% e 93% em junho.
De qualquer modo, os analistas consideram que setembro será o verdadeiro teste para os gastos do consumidor e para a força da recuperação económica da Grã-Bretanha.
Mas a realidade está ali à porta: os dados oficiais a serem revelados esta quarta-feira devem indicar uma queda de 21% no PIB no segundo trimestre do ano, depois de uma queda de apenas 2,2% no primeiro trimestre. Os os números confirmarão a passagem da economia do Reino Unido para a recessão – definida como dois trimestres sucessivos de crescimento negativo.
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