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Reino Unido: Nigel Farage à frente de Rishi Sunak

A direita radical do Reform UK está, nas sondagens, à frente dos conservadores. Consequência das eleições na UE? Sim! O primeiro-ministro diz que um voto que não seja nos conservadores é capitalizado pelos trabalhistas.
14 Junho 2024, 11h19

A direita radical do Reform UK, partido de Nigel Farage, está a processar uma lenta mas constante tendência de crescimento nos últimos meses. A última sondagem de intenções de voto do YouGov (considerada um barómetro credível), realizada de 12 a 13 de junho, coloca o Reform UK um ponto à frente dos conservadores – 19% para 18%. Os valores estão dentro da margem de erro mas os analistas encontram ali um sinal que pode, ou não, ser consolidado nas próximas semanas.

No mínimo, há para já um empate técnico que é para todos os efeitos uma péssima notícia para o primeiro-ministro Rishi Sunak, que está a participar na cimeira do G7. “É uma mudança sísmica no cenário eleitoral”, refere um analista citado pelo jornal “The Guardian”.

Dado o sistema de votos do Reino Unido – que tende a compensar os dois maiores partidos para promover o bipartidarismo da Câmara do Comuns – os analistas são unânimes em antever que dificilmente o Reform UK terá um número de deputados realmente significativo – mas isso não quer dizer que não venha a ter impacto: os candidatos conservadores podem ser inapelavelmente relegados para um lugar secundário em muitos círculos, cavando ainda mais o fosso que os separa dos trabalhistas. “Potencialmente, tudo isto dá a Farage a oportunidade de forçar uma coligação dos dois partidos de que ele falou recentemente”, refere o jornal.

A mesma sondagem indica que os trabalhistas também estão a passar por uma fase difícil: as intenções de coto são agora de 37%, uma queda de um ponto em relação à sondagem anterior. Ao mesmo tempo, os liberais democratas – que viram um aumento de quatro pontos na sondagem anterior – também caíram um ponto, para 14%. O mesmo aconteceu aos Verdes, também caíram um ponto, para 7%.

Ou seja, neste instante, a direita radical é a única que dá mostras de estar numa dinâmica de crescimento. Consequências das eleições na União Europeia? Com certeza que sim. Vale a pena recordar que Farage é um dos líderes mais destacados da extrema-direita europeia e que não deixou de o ser – principalmente agora, que decidiu regressar em força à política – depois do Brexit, de que aliás é um dos maiores responsáveis.

Mesmo fora do país, o primeiro-ministro não se coibiu de comentar as sondagens. Rishi Sunak insistiu que votar no Reform UK seria “passar um cheque em branco aos trabalhistas”. Em declarações aos jornalistas a partir da cimeira do G7 em Puglia, Itália, o primeiro-ministro disse: “Estamos apenas a meio da campanha, por isso ainda estou a lutar por cada voto. A única sondagem que importa é a de 4 de julho [o dia das eleições] – mas se essa sondagem fosse replicada a 4 de julho, estaria a entregar ao Partido Trabalhista um cheque em branco para tributar toda a gente, tributar as casas, as pensões, os carros, a família. E eu vou lutar muito para que isso não aconteça”. “E, na verdade, quando converso com as pessoas, elas entendem que um voto em quem não é um candidato conservador é apenas um voto para colocar Keir Starmer no lugar de primeiro-ministro.”

 

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