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Reino Unido: Observatório das contas públicas avisa para disparo da dívida até 300% do PIB nos próximos 50 anos

A economia britânica regista atualmente o maior nível de dívida, de gastos públicos e de carga fiscal em largas décadas, uma tendência que se deverá agravar, arriscando uma subida da dívida até valores em torno dos 300% do PIB nos próximos 50 anos.
FILE PHOTO: British Labour Party leader Keir Starmer speaks during Prime Minister’s Questions, at the House of Commons in London, Britain, May 24, 2023. UK Parliament/Jessica Taylor/Handout via REUTERS ATTENTION EDITORS – THIS IMAGE HAS BEEN SUPPLIED BY A THIRD PARTY. MANDATORY CREDIT. IMAGE MUST NOT BE ALTERED./File Photo
12 Setembro 2024, 16h13

A dívida britânica corre o sério risco de quase triplicar nos próximos 50 anos, alerta o principal observatório das contas públicas do país, justificando a projeção com o envelhecimento da população, o exacerbar de tensões geopolíticas e as alterações climáticas, tudo motores para uma despesa mais elevada.

O relatório divulgado esta quinta-feira pelo Gabinete de Responsabilidade Orçamental (OBR), a propósito do orçamento a ser apresentado no próximo mês, traça um cenário preocupante para as contas públicas britânicas, destacando o atual nível de dívida pública, o mais elevado desde os anos 60, em 98,1% do PIB, bem como a despesa pública, também esta em máximos, mas de 1970.

Os gastos públicos chegaram este ano a 45% do PIB, um valor que deve continuar a subir e a condicionar a prestação futura da economia britânica, contribuindo decisivamente para uma carga fiscal em torno de 37,1% do PIB, o valor mais elevado desde os anos 40.

“Nos próximos 50 anos, os gastos públicos devem subir de 45% para cerca de 60% do PIB, enquanto a receita fica em torno dos 40%. Como tal, a dívida deve subir rapidamente a partir do final da década de 2030 até 274% do PIB no nosso cenário base”, lê-se no relatório.

Num cenário mais extremo, a subida da dívida chegaria a 385% do PIB, expõe o documento.

Destacando a incerteza em torno destas previsões de longo-prazo, o OBR ressalva que, “incorporando mais choques e pressões” no exercício de projeção, a dívida pode subir acima de 300% do PIB. Estas pressões adicionais advêm sobretudo de três fenómenos, considera o relatório: uma demografia envelhecida, as alterações climáticas e as tensões geopolíticas globais.

Junta-se a isto, por exemplo, o objetivo já assumido pelo atual governo (numa continuação da política do Executivo de Sunak) de aumentar os gastos públicos com defesa para cerca de 2,5% do PIB.

Para o observatório, caso se confirmem estas projeções, “os governos terão de tomar medidas de mitigação para prevenir esta espiral da dívida de ocorrer”, o que se traduz numa contração orçamental de 1,5% do PIB por década nos próximos 50 anos.

Os avisos do OBR surgem no mês que precede a entrega da proposta orçamental do novo governo trabalhista britânico, que deve ocorrer a 30 de outubro. Tanto o primeiro-ministro, Keir Starmer, como os responsáveis pelas Finanças e pelo Tesouro britânico já avisaram das difíceis escolhas orçamentais que terão de ser feitas, antecipando-se cortes substanciais na despesa e um aumento de impostos.

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