O Instituto de Estudos Fiscais (IFS), um think tank altamente respeitado, analisou o aumento dos empréstimos lançados pelo governo britânico liderado pelo conservador Boris Johnson e afirma que a dimensão da dívida é um recorde em tempos de paz. São 2,14 biliões de libras, mais de 2,46 biliões de euros, que encostam a sua dimensão aos 100% do PIB do Reino Unido.
Citada pelo jornal The Guardian, Isabel Stockton, economista do IFS, diz que “os números confirmam que o endividamento atingiu um recorde em tempos de paz no exercício que terminou no mês passado, com uma estimativa inicial de empréstimos de 303 mil milhões de libras, ou quase 15% do PIB”.
Para a economista, “o aumento é inédito e destaca o impacto extraordinário da pandemia nas receitas e gastos do governo. Podemos esperar que essa estimativa seja revista em alta, talvez bastante significativamente, à medida que o não reembolso de empréstimos apoiados pelo governo às empresas venha a ser incorporado”.
Com “as taxas de juros mais baixas da história”, a dimensão da dívida é “perfeitamente gerível”, mas num quadro de aumento das taxas, que já foi antecipado por alguns analistas, “pode criar dificuldades para as finanças do governo” a prazo.
Embora os planos orçamentais mais recentes sugiram o regresso aos empréstimos do governo apenas para pagar os gastos com investimentos até 2025-26, “isso depende de uma rápida recuperação, grandes aumentos de impostos e gastos muito apertados”, refere o IFS.
Este é o primeiro ‘aperto’ em que o Reino Unido se vê involuntariamente envolvido (por causa da pandemia) sem poder beneficiar da almofada financeira criada pela União Europeia. Como não podia deixar de ser, a federalização da dívida comum dos 27 deixou de fora o Reino Unido, que assim tem de ‘correr por conta própria’ para financiar a paragem da economia, a sua subsistência em tempos de confinamento e a recuperação.
Como refere o IFS, se as muito baixas taxas de juros das dívidas soberanas ajudam a que o problema da dívida não seja urgente em termos de gestão orçamental, o certo é que qualquer alta dos mercados vai colocar grande pressão sobre o Reino Unido. Até porque, uma vez sozinho, não se sabe até que ponto os investidores têm ou não apetência por continuarem a suportar as necessidades de endividamento do país – que, por outro lado, está mais exposto à especulação dos mercados financeiros.
Se este cenário pouco positivo se vier a confirmar, Londres terá que produzir um orçamento mais restritivo e aumentar impostos para fazer face ao expansionismo que tem marcado a postura de Boris Johnson desde que assumiu funções de primeiro-ministro.
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