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Reino Unido vai aumentar impostos para tapar “buraco negro” de 22 mil milhões

Onda de críticas ao novo governo trabalhista de Keir Starmer acontece depois de uma vitória eleitoral esmagadora. Ministra das Finanças acusa conservadores de deixarem um “buraco negro de 22 mil milhões de libras como legado financeiro”.
Neil Hall/EPA
25 Outubro 2024, 16h24

O novo governo trabalhista do Reino Unido prepara-se para apresentar, no final deste mês, o seu primeiro orçamento, que terá que ser aprovado pelos deputados da Câmara dos Comuns. “Uma vez que o partido do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, controla a maioria deste órgão, é quase certo que o orçamento será aprovado”, refere a consultora XTB num research.

“A principal mudança deverá implicar o aumento de impostos, uma das principais mensagens do governo trabalhista desde a sua tomada de posse. Esta posição tem sido reforçada desde as declarações da ministra das Finanças, Rachel Reeves, que acusou o antigo governo de deixar um buraco negro de 22 mil milhões de libras como legado financeiro”.

O executivo liderado por Starmer já anunciou que vai aplicar o IVA às propinas das escolas privadas a partir do início do ano. O imposto municipal poderá também sofrer aumentos, principalmente para os proprietários que viram as suas casas valorizar desde a compra dos imóveis.

“Os investidores estão também a preparar-se para o aumento do imposto sobre as mais-valias. Algumas das alterações que o Governo poderá considerar incluem a tributação de todas as mais-valias a taxas de imposto sobre o rendimento ou a aplicação de uma taxa fixa de imposto sobre as mais-valias inferior à taxa máxima de imposto, mas superior à atual”, refere o documento.

O governo britânico também já anunciou planos para reformar a tributação dos juros transitados, mas ofereceu poucos pormenores sobre esta ambição. Ainda assim, é improvável que qualquer alteração a este nível tenha um efeito generalizado sobre os preços dos ativos do Reino Unido.

Por outro lado, “o governo do Reino Unido excluiu a possibilidade de alterar as principais taxas de imposto, incluindo a segurança social, o imposto sobre o rendimento e o imposto sobre as sociedades. Quaisquer alterações a estas taxas teriam o maior impacto no mercado. No entanto, os investidores continuarão a acompanhar de perto o orçamento, uma vez que a carga fiscal do Reino Unido atingiu 35,3% no último ano fiscal, o que constitui o nível mais elevado de que há registo”.

A par destes planos, há uma expetativa crescente de que a ministra das Finanças, Rachel Reeves, possa alterar a forma como as regras do Governo são calculadas para permitir mais despesas com habitação, estradas e hospitais. O Governo trabalhista prometeu que seguiria a regra orçamental dos conservadores, segundo a qual a dívida líquida do setor público deveria estar a diminuir no quinto ano de um período de previsão. Uma forma atingir este objetivo orçamental e, ao mesmo tempo, impulsionar o investimento, é excluir do balanço do Estado as perdas nas obrigações do Banco de Inglaterra resultantes da flexibilização quantitativa. Isto poderia dar aos trabalhistas até £15 mil milhões de margem de manobra orçamental.

Outros planos que estão a ser discutidos incluem a retirada de um fundo nacional de riqueza dos livros do Governo, o que também pode acrescentar mais 15 mil milhões de libras à margem de manobra fiscal dos trabalhistas.

“É esperado que o Governo britânico divulgue mais pistas sobre os incentivos orçamentais que estarão em cima da mesa nas próximas semanas, principalmente para responder aos críticos que acusam o executivo de Starmer de exagerar o défice orçamental”.

Estas críticas têm surgido tanto por parte do tecido empresarial britânico, que apelou aos trabalhistas para evitarem cortes draconianos nas despesas, como pela OCDE, que reviu em alta as perspetivas de crescimento do Reino Unido para 2024 e prevê agora um crescimento de 1,1% da economia britânica até ao final do ano. Além disso, a organização também melhorou drasticamente as suas perspetivas de crescimento para o Reino Unido, colocando mais pressão sobre os dados apresentados por Starmer.

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