[weglot_switcher]

Relações interculturais promovem a criatividade, inovação e empreendedorismo

Estas são as principais conclusões de um projeto de investigação da CATÓLICA-LISBON, do INSEAD e da Columbia Business School, que vão ser publicados na próxima edição do Journal of Applied Psychology.
29 Maio 2017, 12h24

As relações interculturais, amorosas ou de amizade, incentivam a criatividade, a inovação no local de trabalho e o empreendedorismo. Estas são as principais conclusões de um projeto de investigação, composto pela realização de quatro estudos: da Católica- Lisbon School of Business & Economics, do INSEAD e da Columbia Business School que vão ser publicados na próxima edição do Journal of Applied Psychology, uma revista científica da Associação de Psicologia Americana.

Este estudo sugere uma nova forma de se incentivar a criatividade: promover relacionamentos próximos com estrangeiros. Nos últimos 10 anos, vários estudos  identificaram os benefícios de viver no estrangeiro como o processamento cognitivo mais profundo, maior criatividade e maior sucesso no mercado de trabalho.

Jackson Lu (candidato a PhD na Columbia Business School, que liderou este estudo), em colaboração com Andrew Hafenbrack (professor Auxiliar na CATÓLICA-LISBON), Paul Eastwick (professor Associado na UC-Davis), Dan Wang (professor Auxiliar na Columbia Business School), Will Maddux (professor de Comportamento Organizacional no INSEAD), e Adam Galinsky (Vikram S. Pandit Professor de Business na Columbia Business School), são os autores deste projeto de investigação.

Num primeiro estudo, os investigadores entrevistaram estudantes do INSEAD, no início e no fim do programa de 10 meses, do MBA. Em ambos os momentos, foi pedido aos estudantes para pensarem livremente sobre usos invulgares de objetos domésticos e para completarem vários puzzles que requeriam espírito criativo. No final do programa de MBA, perguntou-se aos estudantes se tinham namorado com alguém de outra cultura diferente da deles. Os resultados revelaram que os estudantes que tinham namorado com estrangeiros eram mais criativos após o período de 10 meses.

Um segundo estudo de follow-up chegou à conclusão de que a duração de relacionamentos amorosos interculturais passados é preditor de um melhor desempenho criativo numa tarefa de brainstorming em busca de novos nomes de produtos.

Um terceiro estudo procurou testar se os relacionamentos interculturais provocam maior criatividade. Os investigadores pediram aleatoriamente a americanos que já tinham tido, quer relacionamentos amorosos interculturais como intraculturais, para refletirem sobre um desses relacionamentos. Aqueles que refletiram sobre uma experiência intercultural evidenciaram maior criatividade imediatamente depois, quando comparados com os que refletiram sobre uma experiência intracultural.

Um estudo final examinou os efeitos da amizade intercultural no empreendedorismo. Foram entrevistados 2.226 profissionais de 96 países, que tinham previamente trabalhado nos Estados Unidos da América. As conclusões revelaram que os profissionais que mantiveram contacto mais frequente com amigos americanos após regressarem aos seus países de origem tinham maior probabilidade de fazer inovação no local de trabalho e de se tornarem empreendedores.

Estes benefícios criativos inerentes às relações interculturais íntimas devem-se a fatores associados à aprendizagem cultural. “Cada cultura tem em si diversos pressupostos, crenças, costumes, normas e valores”, salienta o professor Maddux, em comunicado.

“Estas conclusões são importantes para as organizações e para quem faz as políticas”, refere o docente Galinsky. “As organizações podem beneficiar dos efeitos criativos de relacionamentos próximos interculturais, abrindo as portas a pessoas de diferentes culturas, de forma a facilitar atividades partilhadas e tarefas que impliquem cooperação, bem como encorajar a inclusão ao realçar os benefícios das diferenças culturais. Por outro lado, construir muros e conter a imigração pode ter consequências económicas negativas imprevisíveis”, acrescenta.

 

 

 

 

 

 

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.