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Relatório indica que um terço dos inquiridos acredita que IA vai substituir o seu emprego no futuro

O dado consta do relatório Tomorrow’s Skills, que foi apresentado esta quarta-feira em Bruxelas, na presença da presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, pela presidente do Banco Santander, Ana Botín. O relatório é baseado num estudo com 15 mil pessoas em 15 países da Europa e do continente americano, entre as quais mil inquiridos em Portugal.
11 Junho 2025, 16h43

O relatório Tomorrow’s Skills, apresentado esta quarta-feira em Bruxelas, na presença da presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, pela presidente do Banco Santander, Ana Botín, revela que um terço dos inquiridos acredita que a inteligência artificial (IA) irá substituir o seu emprego no futuro, enquanto sete em cada dez concordam que as gerações futuras terão empregos que ainda não existem.

O relatório é baseado num estudo com 15 mil pessoas, em 15 países da Europa e do continente americano, entre os quais mil inquiridos em Portugal. O documento aponta que “86% dos portugueses considera que a aprendizagem ao longo da vida é muito importante para o desenvolvimento profissional e 82% refere que esta é essencial para permanecer no mercado de trabalho”.

O estudo indica ainda que a inteligência artificial está a posicionar-se como o “maior fator de disrupção” do mercado de trabalho, tornando-se “essencial” para manter a empregabilidade.

“Seis em cada dez inquiridos partilham desta opinião e preveem que a IA e a Ciência de Dados estarão entre as áreas mais procuradas nos próximos cinco anos. Um terço dos inquiridos acredita que a IA irá substituir o seu emprego no futuro, enquanto sete em cada dez concordam que as gerações futuras terão empregos que ainda não existem”, salienta o relatório.

Ana Botín, presidente executiva do Banco Santander, referiu que a ascensão da inteligência artificial “não está apenas a transformar” a forma como trabalhamos. “Está a redefinir a maneira como vivemos e aprendemos. Esta mudança representa uma enorme oportunidade para aumentar a produtividade, reforçar a competitividade e criar valor. Mas levanta também uma questão urgente: estamos preparados para esta nova realidade?”, salientou.

“No Santander, acreditamos que as empresas devem fazer parte da solução. É por isso que estamos a investir 400 milhões de euros entre 2023 e 2026 para apoiar a educação, a empregabilidade e o empreendedorismo. Com iniciativas como a Santander Open Academy, queremos apoiar a aprendizagem ao longo da vida, ajudando as pessoas a desenvolver novas competências, a requalificarem-se e a descobrirem novas oportunidades — para que ninguém fique para trás”, acrescentou.

As áreas de formação apontadas no relatório como mais procuradas para o futuro incluem: inteligência artificial e dados, tecnologia e digitalização, saúde e bem-estar, sustentabilidade e gestão.

“O relatório indica ainda que metade dos portugueses acredita que a experiência prática e a formação não formal (autodidatismo, cursos, workshops) serão mais importantes do que os diplomas formais, evidenciando a necessidade de adaptação a um mercado em constante transformação”, diz o documento.

É referida também a “necessidade de alargar o leque de competências”, embora haja divergências sobre a adequação das ofertas atuais de formação para adultos e sobre quem deve ser responsável pela sua disponibilização. O relatório revela que “39% dos inquiridos considera que a oferta do setor público é insuficiente e 25% entende que deve ser o Estado a assumir essa responsabilidade. 43% defende que esta responsabilidade deve caber às empresas, enquanto 29% considera que cabe a cada indivíduo atualizar as suas competências ou mudar de carreira”.

No que diz respeito a competências, 45% dos inquiridos (metade em Portugal) atribui maior importância às chamadas soft skills, como a comunicação, liderança e trabalho em equipa, do que à formação técnica.

“Neste contexto, as plataformas digitais de formação continuam a afirmar-se como uma alternativa viável. Apesar de 89% não estarem familiarizados com estas ferramentas de upskilling e reskilling, seis em cada dez manifestam vontade de as utilizar. Neste sentido, Portugal destaca-se (juntamente com Itália e Espanha) como um dos países com opinião mais favorável em relação às plataformas digitais de aprendizagem e desenvolvimento profissional — com mais de metade (57%) a considerar o impacto destas plataformas como muito positivo e 65% a mostrar abertura para utilizar este tipo de plataformas”, diz o Tomorrow’s Skills.

“36% prefere uma aprendizagem em regime híbrido e 31% escolheria universidades públicas como fornecedoras de formação contínua. Há também uma perceção generalizada de que o empreendedorismo está a ganhar importância como uma alternativa para gerar empregos e riqueza. Apesar de reconhecerem a importância da aprendizagem ao longo da vida, os portugueses enfrentam algumas barreiras no acesso à formação contínua: o custo elevado surge como a principal barreira, seguindo-se a falta de tempo, a falta de incentivos, o desinteresse nos cursos ou a pouca consciencialização para a sua importância”, salienta o relatório.

Em termos geográficos, o relatório indica que a Europa lidera em mobilidade de carreira, com “70% dos inquiridos a terem mudado de setor, empresa ou função ao longo da sua vida profissional”. Os europeus “destacam-se também por serem os mais insatisfeitos com a formação recebida antes de entrarem” no mercado de trabalho. “Ainda assim, mantêm um certo otimismo relativamente ao futuro do continente: 64% acredita que existem boas oportunidades de emprego e apenas 26% estaria disposto a emigrar para fora da União Europeia por motivos profissionais”, diz o relatório.

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