A REN anunciou na segunda-feira que vai construir um pipeline de hidrogénio verde em Sines, com uma extensão de 15 quilómetros no âmbito da Agenda H2 Green Valley.
Sobre o corredor de hidrogénio com Espanha, este projeto não foi incluído no novo investimento atual, com a empresa a avaliá-lo.
“O hidrogénio deve começar pelos vales regionais”, disse o administrador da REN, João Conceição, no Capital Markets Day da empresa que teve lugar em Lisboa, com o objetivo a ser construir um “pipeline de 15 km entre os produtores e consumidores” na zona de Sines.
Mas como a oferta ficará acima da procura, o hidrogénio adicional poderá ser transportado via gasoduto para o resto do país, através da mistura com gás natural, até 10%.
Ao mesmo tempo, a companhia vai adaptar para receber hidrogénio as duas novas cavernas no carriço, no distrito de Leiria. As novas cavernas vão ter capacidade para armazenar 1,2 terawatts hora (TWh) de gás.
O investimento em gases verdes vai pesar mais de 50% no plano de investimentos anual nas infraestruturas de gás natural, que prevê entre 105-115 milhões de investimentos por ano.
A empresa espera também aumentar a ligação de centrais de biometano à rede de gás natural, num total de 0,4 TWh até 2027, prevendo que a primeira central se ligue à rede este ano.
“Quando se fala no gasoduto H2Med, qual a importância que vai ter para Portugal? Se Portugal quiser estar dentro do sistema económico do hidrogénio, tem de estar ligado a Espanha. Isso é interpretado como mera oportunidade de exportação, ou como catalisador de uma indústria de hidrogénio em Portugal? Hoje há condições para tomar uma decisão já? Acho que é bom estar a olhar para estes projetos, tem de ser tudo considerado. O que está em causa não é so se o Celza, ligação Portugal-Espanha vai custar 200-300 milhões de euros, tem de se pensar que são uteis para que haja uma indústria de hidrogénio em Portugal. Uma coisa é se fizerem projetos de hidrogénio em Portugal apenas para consumo industrial interno, outra coisa é pensar na oportunidade que existe, novas tecnologias que vão aparecer, se os nossos empreendedores querem estar ou não dentro dessa oportunidade. Portugal só tem uma fronteira e tem de se ter muito cuidado com aquilo que faz. Hidrogénio não se transporta hoje em estado líquido em navios”, disse Rodrigo Costa, CEO da REN, na segunda-feira.
“Qualquer investimento que se faça tem de ter racionalidade económica. Nao se pode usar apenas vai custar X, vai custar X, mas vai criar uma indústria nova, vai criar empregos, vai criar exportação, vai criar a oportunidade de Portugal estar nesse mapa e quem sabe ser um jogador importante”, acrescentou.
Por sua vez, o administrador operacional João Conceicão destacou que aos “preços atuais, o hidrogénio produzido na Ibéria vai ser competitivo, se acreditarmos todos a nível europeu que o hidrogénio vai fazer parte de uma descarbonização, Ibéria está a conseguir ter variáveis críticas para ter hidrogénio competitivo, nomeadamente o custo da eletricidade”.
A REN prevê investir entre 1,5 mil milhões a 1,7 mil milhões de euros entre 2024 e 2027, anunciou hoje a companhia de infraestruturas energéticas.
Do investimento total, 65% destina-se a investimentos na rede de eletricidade, 25% no gás natural e 10% a nível internacional.
Em termos de Capex médio anual, a companhia prevê investir entre 350-450 milhões entre 24-27, um valor que contrasta com os 250 milhões registados entre 21-23.
O EBITDA anual vai subir de 487 milhões em média para os 500-540 milhões de euros.
A empresa espera um lucro médio anual entre os 105-120 milhões, que contrasta com os 110 milhões do plano anterior.
A base de ativos deverá atingir os 4,3-4,4 mil milhões de euros face aos 3,9 mil milhões anteriores.
Em termos de dívida líquida, esta deverá rondar os 2,5-2,6 mil milhões no final do novo plano, que contrasta com os 2,4-2,7 mil milhões de euros.
A companhia também espera atingir 13-15% de fundos operacionais/dívida líquida face aos 12-14% anteriores.
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