Cinco anos se passaram desde o início da pandemia de Covid-19, um marco que teve um impacto significativo na sociedade, na economia e no setor imobiliário. Em Portugal, o mercado de arrendamento de longa duração apresenta um dinamismo renovado, com um aumento no número de casas disponíveis para arrendar. No entanto, essa oferta ainda não é suficiente para atender à crescente procura das famílias, que aumentou consideravelmente, resultando num aumento das rendas de 43% durante este período, revela um recente estudo do idealista.
Nos últimos anos, o Estado interveio várias vezes no mercado de arrendamento residencial. Durante o estado de emergência, em março de 2020, o antigo Governo suspendeu a contagem dos prazos dos contratos de arrendamento e as ações de despejo. Em 2023, implementou um limite de 2% no aumento das rendas em resposta à inflação elevada, além de introduzir medidas no programa Mais Habitação que geraram desconfiança entre os proprietários, como o arrendamento coercivo de imóveis devolutos.
Com a chegada do Governo de Montenegro, no início de 2024, várias dessas medidas consideradas inadequadas foram revogadas, incluindo o arrendamento forçado e o congelamento das rendas. No entanto, uma herança positiva da administração anterior foi a redução da taxa sobre as rendas habitacionais, que desceu de 28% para 25%. O que se observa, contudo, é que as políticas adotadas têm privilegiado mais a proteção dos inquilinos, especialmente aqueles com rendas antigas, do que o incentivo à criação de nova oferta. Estudos demonstram que o aumento da oferta de casas para arrendar é crucial para aliviar a pressão sobre os preços.
Apesar das incertezas geradas pelas mudanças legislativas, os proprietários parecem estar mais dispostos a rentabilizar os seus imóveis, colocando-os para arrendar por períodos de pelo menos um ano, caracterizando assim o arrendamento de longa duração. No primeiro trimestre de 2025, foram contabilizadas 38.184 casas disponíveis para arrendar em Portugal, um aumento de 72% em comparação com o mesmo período de 2020, o que representa o maior número de oferta registado desde o início das contagens pelo idealista/data, em 2017.
Entretanto, essa expansão da oferta não acompanhou o crescimento da procura das famílias, que aumentou em 81%, impulsionada pela chegada de imigrantes. Essa discrepância resultou num aumento das rendas, que atingiram uma média de 16,6 euros por metro quadrado (euros/m²) até ao final de março de 2025.
Analisando a situação nas principais cidades, observou-se uma duplicação da oferta de casas para arrendar entre 2020 e 2025 em várias localidades, como Bragança, Vila Real, Viseu, Beja, Porto e Viana do Castelo. Lisboa, por sua vez, registou um aumento de 32% na oferta, ultrapassando as 10 mil unidades disponíveis, sendo a cidade com a maior quantidade de imóveis para arrendar, seguida pelo Porto, com mais de 5.500.
Os dados da idealista/data revelam que apenas em Faro, Ponta Delgada e Funchal houve uma contração no número de casas disponíveis, o que se deve à elevada procura nessas áreas. De fato, a procura por arrendamentos mais do que duplicou na maioria das grandes cidades (12 das 18 analisadas), com Lisboa a observar um crescimento de 92%, absorvendo assim a oferta disponível.
Embora menos significativo, o interesse nos mercados de arrendamento habitacional de Viana do Castelo (+7%), Porto (+29%) e Beja (+36%) também aumentou desde o início da pandemia. Importa destacar que não houve nenhuma cidade que tenha registrado uma diminuição na procura neste período.
Apesar das condições favoráveis para a compra de casa, como juros baixos e isenções fiscais para jovens até 35 anos, o arrendamento de longa duração continua a ser uma solução habitacional viável para muitas famílias. Com a procura superando a oferta nos últimos cinco anos, as rendas aumentaram na maioria das cidades analisadas, sendo Bragança a exceção, onde os preços caíram 22% para 6 euros/m², o valor mais baixo entre as 18 cidades avaliadas.
O Funchal foi a cidade onde as rendas mais dispararam desde a pandemia, com um aumento de 93%, seguido de Coimbra (+74%) e Vila Real (+73%). Em contrapartida, Beja registou o menor crescimento das rendas (+14%). No Porto, as rendas aumentaram 59%, enquanto em Lisboa o aumento foi de 46%.
Atualmente, Lisboa continua a ser a cidade com as rendas mais elevadas, com um custo médio de 22 euros/m² no final de março de 2025. O Porto segue com rendas de 17,5 euros/m², enquanto o Funchal apresenta valores de 15,9 euros/m², Faro 14,2 euros/m² e Setúbal 12,3 euros/m².
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