A Reserva Federal norte-americana deixou os juros diretores inalterados na reunião de março, concluída esta quarta-feira, optando novamente pela precaução face à incerteza que envolve atualmente a maior economia do mundo. A taxa de referência mantém-se assim em 4,5%, com a atenção dos investidores mais focada nas previsões macroeconómicas atualizadas do banco central.
A decisão era já largamente esperada pelos mercados, que atribuíam 100% de probabilidade a uma reunião sem alterações na véspera do anúncio. Um dos grandes motivos para esta certeza na manutenção da política monetária foi a evolução dos preços: a inflação de fevereiro não subiu, ao contrário do que muitos temiam, caindo até mais do que se esperava, de 3% em janeiro para 2,8% em fevereiro, abaixo dos 2,9% projetados.
A inflação subjacente também caiu mais do que se estimava, para 3,1%, um mínimo desde abril de 2021 e um sinal animador para o banco central.
Por outro lado, a incerteza criada pelos avanços e recuos na política comercial norte-americana tem dificultado a tarefa dos responsáveis da Fed, sendo que começam a surgir indícios de menor fulgor e até mesmo medos de uma possível recessão. Perante este cenário, a precaução era a estratégia mais expectável.
Ainda assim, os responsáveis pela política monetária nos EUA não mexeram nas projeções quanto à taxa de juro de referência, mantendo uma projeção correspondente a mais dois cortes de 25 pontos até final do ano, como haviam antecipado em dezembro, na mais recente atualização do cenário macro.
Na mesma linha de uma economia menos pujante, a Fed reviu em baixa as projeções para o crescimento este ano e nos dois seguintes, enquanto a inflação, tanto a nominal como a subjacente, foram atualizadas em alta. O banco central aponta agora para um crescimento de 1,7% este ano, significativamente abaixo dos 2,1% previstos em dezembro, e de 1,8% nos dois anos seguintes (a anterior expectativa passava por 2% em 2026 e 1,9% em 2027).
Já a inflação nominal (medida pelo índice de gastos pessoais de consumo, o indicador de referência da Fed para esta dinâmica) foi revista em alta para 2,7% este ano, uma subida de 0,2 pontos percentuais (p.p.) em relação ao anterior exercício de projeções, enquanto 2026 deverá fechar com um valor 0,1 p.p. acima do esperado em dezembro, ou seja, 2,2%.
Também ignorando as categorias mais voláteis dos preços, a energia e a alimentação, o indicador fechará acima do anteriormente esperado. Para este ano, a Fed antecipa agora 2,8% de inflação core, uma subida significativa de 0,3 p.p. em relação à projeção de dezembro.
A alteração de maior relevância prende-se com o ritmo de redução do balanço do banco, em relação ao qual havia já algumas expectativas de mexidas. A Fed irá agora reduzir apenas 5 mil milhões de dólares por mês, um quinto dos 25 mil milhões até agora, acalmando assim o aperto quantitativo que vinha aplicando.
[notícia atualizada às 18h15]
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com