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Os 5 pontos principais do plano estratégico da EDP até 2022

Investimento em renováveis, principalmente na América do Norte, a par da venda de ativos em Portugal e Espanha são dois dos pontos fortes do novo plano estratégico apresentado em Londres por António Mexia.
13 Março 2019, 08h00

Os dados estão lançados para o futuro da EDP no médio prazo. Mais investimento em renováveis, venda de ativos poluentes, manutenção do dividendo, subida dos lucros e corte da dívida: são estes os pontos fortes do plano estratégico da elétrica portuguesa até 2022.

“O futuro vai ser elétrico, ‘limpo’, acessível e fiável, e isso apresenta oportunidades. Temos de aproveitar essas oportunidades”, disse António Mexia em Londres na terça-feira, 12 de março, durante a apresentação do novo plano estratégico da EDP para uma plateia de investidores, analistas e imprensa.

Este plano “é uma transformação total? Não, mas é mais uma transformação”, destacou António Mexia na apresentação. A continuidade da estratégia seguida nos últimos anos é assim a palavra de ordem no número 12 da avenida 24 de julho em Lisboa, sede da EDP.

Qual o valor total de investimento previsto pela EDP?

A EDP pretende investir cerca de 12 mil milhões de euros até 2022, a um ritmo médio anual de cerca de 2,9 mil milhões de euros por ano. Isto representa um aumento de 60% face ao valor do plano estratégico anterior (1,8 mil milhões de euros por ano).

O grande foco da elétrica presidida por António Mexia vão ser as energias renováveis: 75% do investimento total destina-se à produção de energia verde. Depois, 20% do investimento total destina-se às redes de distribuição/transporte de eletricidade/gás natural. Por fim, as soluções para clientes e gestão de energia recebem 5%.

Por regiões, 40% do investimento total tem como destino a América do Norte (Estados Unidos, Canadá e México), a União Europeia (35%) e o Brasil (25%).

Quanto é que a EDP prevê arrecadar com a venda de ativos?

A EDP prevê arrecadar um total de seis mil milhões de euros até 2022. A maior parte deste valor (4 mil milhões) vai ser encaixado através da venda de participações maioritárias nos seus projetos. A venda destas participações vai ser feita nos projetos de energia renovável: a meta é vender 50% da capacidade total de 7 gigawatts da EDP Renováveis.

A venda vai ter lugar à média de 1,8 gigawatts por ano. A maioria das vendas vai ter lugar no mercado norte-americano (60% das venda totais nos Estados Unidos, Canadá e México). Seguem-se as vendas na Europa (20%), no Brasil (10%) e no resto do mundo (10%).

Os restantes dois mil milhões de euros deverão ser encaixados através da venda de ativos ibéricos, como centrais térmicas, com este plano a ser executado nos próximos 12 a 18 meses.

“Não só temos uma base de ativos de elevada qualidade e muitas opções, mas também um track record forte com 3,2 mil milhões em cristalização de valor em 2017-2018”, disse o presidente executivo da EDP António Mexia esta terça-feira, 12 de março em Londres, durante a apresentação da atualização do plano estratégico da elétrica até 2022.

Qual o dividendo que a EDP pretende pagar?

O dividendo vai manter-se nos 19 cêntimos por ação até 2022. Este é o valor mínimo estipulado no plano estratégico. A companhia vai assim prolongar a política de remuneração dos últimos exercícios, apesar da pressão sobre os lucros.

“Vamos oferecer valor superior aos nossos acionistas”, argumenta a empresa. Já a proporção dos lucros a distribuir em dividendos (payout ratio) vai ficar entre 75% a 85%, uma percentagem superior face ao intervalor anterior de 65% a 75%.

Lucro da elétrica a subir nos próximos anos

O lucro líquido da EDP deverá registar um crescimento anual de 7%, em média, até 2022, ano em que deverá superar os mil milhões de euros. Esta é a previsão da elétrica no seu plano estratégico apresentado na terça-feira.

O lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) deverá assim subir em média 5% ao ano para superar os 4.000 milhões de euros em 2022, com o ponto de partida a serem os 3.300 milhões registados em 2018.

Qual vai ser a evolução da dívida da EDP nos próximos anos?

A dívida líquida da EDP situava-se nos 13.500 milhões de euros no final de 2018. Até 2022, a elétrica portuguesa espera reduzir este valor para cerca de 11.500 milhões.

O objetivo é que o rácio de dívida líquida/EBITDA desça dos quatro vezes registados no final de 2018 para menos de três vezes até 2022.

António Mexia abordou a OPA da CTG em Londres?

O presidente executivo da EDP considera que a China Three Gorges (CTG) está a dar os passos obrigatórios e necessários para avançar com o processo de oferta pública de aquisição (OPA) sobre a EDP.

“Quem tem de falar da OPA é o oferente. Nós [o board] emitimos um relatório em que fomos muito claros na nossa opinião sobre o preço e o projeto. Temos que ajudar em tudo aquilo que tem a ver com filings, em que o envolvimento da empresa é importante”, referiu o CEO, em conferência de imprensa no âmbito da apresentação do plano estratégico 2019-2022 em Londres esta terça-feira.

“Os filings pelo oferente estão a ser feitos neste momento, ou seja os que faltam. Depois de um trabalho de pre-filing, estou a dizer coisas que são públicas, na Europa, e depois também de trabalho preliminar nos Estados Unidos”, adiantou. “Acho que estão a fazer os passos necessários, obrigatórios face ao que foram as condições da oferta”.

Mexia explicou que o trabalho administrativo é talvez mais complexo e mais longo que algumas das partes pensavam inicialmente, adiantando que “temos prova que [o trabalho administrativo para fazer os filings] está ser feito”.

Questionado sobre a expetativa sobre o timing dessas notificações aos reguladores na Europa e nos Estados Unidos, o CEO disse que a EDP espera que sejam feitas “em breve, muito em breve e mais cedo do que mais tarde”.

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